A semana foi de poucos filmes recentes, vi algumas séries, e fiquei impactado por alguns filmes queers que vi. Bora lá aos destaques:
“Petite nature” de Samuel Theis (“Softie”, 2021, França) [queer]
Nossa, fiquei bem impactado com esse filme, pois não esperava. Sempre fico assustado com atuações mirins geniais em papeis difíceis. Aliocha Reinert é um achado impressionante, e está indicado ao César de revelação masculina. Nele, ele interpreta um menino que busca seu espaço no mundo entre uma família que não o interessa e os desejos sexuais/românticos que afloram, em uma pequena cidade francesa na fronteira com a Alemanha.
Entre os adultos, Antoine Reinartz sustenta muito bem um papel difícil como o professor apaixonado pela profissão.
“Sugar” de John Palmer (2004, Canadá) [queer]
Fiz um textinho longo após ver o filme.
“Olhe Para Trás” de Niels Bourgonje (“Turn It Around”, 2017, Países Baixos) [curta] [queer] [teen]
Achei um filme bem bonito e meio inesperado de tão bem feito que é. É um exemplo perfeito de curta, em que estilo e trama se juntam para contar uma história meio simples, mas bem bonita, que vai se desenvolvendo aos poucos com um final bacana. Me lembrou um pouco SKAM o estilo de filmar jovens em festas.
“Starcrossed: O Amor Contra o Destino” de James Burkhammer (2005, EUA) [queer]
Filme bonito sobre dois irmãos que acabam se apaixonando. O final trágico, é um pouco exagerado, mas não deixa de ser bonito. Mais um da leva de gays na piscina.
“Byron: Ballad for a Daemon” de Nikos Koundouros (“Byron, i balada enos daimonismenou”, 1992, Grécia/Rússia)[queer]
A história de Lord Byron é sempre curiosa e eu fiquei empolgado de ver esse filme sobre a participação dele na guerra de independência grega. Porém, achei o filme um tanto confuso, ainda que isso talvez seja quase um elogio ao estilo escolhido. Tem um aspecto meio queer ali, com um personagem Loukas fazendo a vez de Nicolo Giraud, mas é tudo muito abstrato.
Temporada 2022/2023
“The Sailor” de Lucia Kasová (2021, Eslováquia)
História incrível de Paul Johnson, um britânico errante pelo mundo. É bem emocionante e claro que meu coração e corpo globetrotter já se viu ali. Ele que foi um jovem loiro, alto, lindo e chegou a fazer bastante dinheiro como designer de barcos revela que “nunca imaginava que viveria tanto” (“so fucking long”) e hoje já vaga sem rumo, pensando no passado. A câmera segue ele de uma maneira
Uma grande diversão, mas que não me empolgou tanto. Não vi aquele tal do bromance queer que tantos viram. Não sei muito bem o que pensar daquele tom tão nacionalista, especialmente o número final. A sequência de “Naatu Naatu” é impressionante, e curiosamente foi filmada no palácio presidencial ucrâniano em agosto de 2021.
“That’s 90 Show – 1ª Temporada” (“That’s 90 Show” – Season 1) de Gail Mancuso (ep 1-8), Laura Prepon (9-10)
Não vou negar que eu ri um bocado, além de ter ficado assustado com o fato de que os anos 90 já estão para nós o que os anos 1970 estiveram para os anos 1990. É estranho ver uma série nova com a risada de audiência. Se em “Wandinha” (“Wednesday”) que eu terminei de ver em janeiro, fiquei meio triste com tanta barrigada, aqui é uma barrigada de início ao fim. Nada de novo, umas risadas específicas com coisas dos anos 1990 (internet discada, computador, e um bando de coisa que eu já esqueci) e cada personagem tem um referencial na série original, ainda que Mace Colonel é um aperfeiçoamento ao personagem de Ashton Kutcher (talvez por ser meio que uma mistura com Topher Grace). A versão de Fez aqui é um jovem gay, algo quase nunca mencionado (exceto em um episódio em que ele é meio o protagonista e nas esparsas piadas sobre o namorado canadense) Ou seja, para mim que curtia sem compromissos aquela série, eu embarquei bem, mas para quem não conhece nada, talvez perca essa carga nostálgica.
Destaques dos arquivos
“Desejo” de Vojtech Jasný (“Touha” / “Desire”, 1958, Tchecoslováquia)
Filme bem bonito do mesmo diretor de “Um Dia, Um Gato”, com quatro histórias mostrando a passagem do tempo. As quatro histórias emulam as estações de tempo: um garoto a espera do nascimento de sua irmãzinha na primavera; uma adolescente que se apaixona no verão; uma mulher adulta que tenta viver sua independência como uma trabalhadora no outono e uma professora viuva cujo filho mora longe e fica doente.
A história final em particular é bem bonito, enquanto a segunda é bem sensual, usando de forma impressionante as paisagens locais, e a primeira é bem bonita. A terceira fica meio perdida, mas também tem seu poder. Um filme que empolga.
“Death in the Land of Encantos” de Lav Diaz (“Kagadanan sa banwaan ning mga engkanto”, 2007, Filipinas/Países Baixos
Sobrevivi a nove horas de um filme bem desafiador que vi durante o domingo. É um treinamento para ver o “Evolução de uma família filipina”, de 10h43m que perdi na mostra do CCBB em 2011 (acho). Um filme feito a partir de um desastre: Lav Diaz correu para uma região devastada por um tsunami para fazer um filme sobre amigos que se reencontram. Muito bonito, aliás, o momento do primeiro encontro dos amigos que se vêem depois de anos em meio a destruição.
Um deles, um escritor que mora na Rússia volta para rever a família, amigos e o local, e acaba caindo numa espécie de loucura. Os amigos fazem parte de um grupo de artistas locais, e fico me perguntando o quanto tem de referência ali. O começo é particularmente bom, mas acho que em algum momento eu comecei a me desconectar, talvez porque eu gostava tanto do personagem protagonista e quando ele começa a sair (ou perder a mente) o filme cai um pouco.
Algumas partes me chocam: as histórias trocadas (mercador velho que fica 20 anos preso, apesar da premonição da esposa; a mulher que salva o bebê e vizinhos; etc). Eu me lembrei das minhas viagens quando o protagonista conta que quase foi morto num ponto de ônibus quando percebeu uma moça da Chechênia que vestia uma jaqueta mesmo sendo verão e não entrou nele por estar cheio e todos demoraram muito para reagir a história.
“A Humanidade” de Bruno Dumont (“L’humanité” / “Humanity”, 1999, França)
Um filme bem bonito, com uma interpretação magistral de Emmanuel Schotté, premiado em Cannes (junto com Séverine Caneele, que levou prêmio de atriz). Alguns simbolismos são marcantes, e a cena final é bem forte, elevando toda a tragédia. O cinema de Dumont é de difícil entrada, mas esse é um bom início. Schotté me lembrou um amigo meu então achei mais curioso ainda. E gosto como ele em um filme tão “elevado” e místico inclui umas coisas bem trashes e maravilhosas como a moça sacando a sunga do amigo do amigo na frente do namorado.
“Breaking Bad – 1ª Temporada” (“Breaking Bad – Season 1”, 2008, EUA)
Finalmente comecei a ver essa série, cujo mundo sempre tive meio que falta de vontade para entrar.
“The Plastic Dome of Norma Jean” de Juleen Compton (1966, EUA)
Filme curiosíssimo que dialoga o culto do estrelato norte-americano. A moça seria uma “Versão originária” de Marilyn Monroe que tem visões com um grupo de rock iê-iê-iê e acabam criando um domo para a apresentação deles, que os levam a uma fama local. A relação dos dois protagonistas é bem estranha: seriam irmãos? Um amor não-correspondido?
“Levanta-te, Meu Amor!” de Mitchell Leisen (“Arise my love”, 1940, EUA)
Vencedor do Oscar de melhor argumento, mas o roteiro é de Billy Wilder e Charles Brackett, que não foram indicados. Até certo tempo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood separava o argumento, que era a ideia geral do filme, a sinopse de uma forma mais ampla do roteiro que incluía diálogos e detalhes. Tudo isso era um reflexo do sistema de estúdios que separava essas funções.
O filme coloca uma jornalista e um piloto americano em meio ao turbilhão europeu entre 1938 e 1940 desde a Guerra Civil Espanhola até a tomada de Paris pela Alemanha. Claudette Colbert e Ray Milland estão excelentes e é sempre legal ver um filme norte-americano estar atento a questões globais – ainda que Bosley Crowther tenha comentado em sua crítica da época para o New York Times que o filme justamente se aproveitava de uma visão romantizada da guerra para seguir com o típico filme “Abril em Paris” em meio a realidade.
Outros filmes que valem a pena
“Kordavision” de Hector Cruz Sandoval (“Kordavision: The man who shot Che Guevara”, 2006, México/EUA/Cuba)
Bela homenagem a Alberto Díaz Korda, um dos principais fotógrafos cubanos e que criou a imagem icônica de Che Guevara. Além da história desta foto, vemos o dia-a-dia dele na Cuba da virada do século e um pouco sua trajetória. O momento mais marcante é quando ele e outros fotógrafos do Granma reencontram Fidel Castro, e lembram histórias. Korda foi o fotógrafo pessoal de Castro por muitos anos. A conversa sai leve e fluída, e é possível entender melhor o grande carisma do líder cubano.
“As Garotas” de Mai Zetterling (“Flickorna” / “The Girls”, 1968, Suécia)
Três atrizes fazem uma turnê sueca de “Lisístrata” de Aristófanes, enquanto elas mesmo passam por problemas amorosos e sexuais na vida real e tentam conciliar o feminismo e relações com outros homens. Um filme que joga questões de forma meio simplista, mas o trio Bibi Andersson, Harriet Andersson e Gunnel Lindblom não perde a linha. No meio do filme tem uma curiosa cena em que as atrizes suecas dançam samba.
“Elemento de um Crime” de Lars von Trier (“Forbrydelsens element” / “The Element of Crime”, 1984, Dinamarca)
Não tem o que fingir aqui: não entendi quase nada, mas acho que sinceramente não importa muito. O pior é que eu não embarquei muito seja na história ou na estética, ainda que estivesse curtindo no início. “Europa” é um filme que eu adoro então fiquei um pouco decepcionado.
“O Altar do Diabo” de Daniel Haller (“The Dunwich Horror”, 1970, EUA)
Um filme de estilo britânico, essa adaptação de H.P. Lovecraft é um curioso e divertido filme de terror suburbano, envolvendo histórias rocambulescas e tradições familiares escusas. Vale para fãs de terror.
“Very Nice, Very Nice” de Arthur Lipsett (1961, CAN) [curta]
Curta colagem curioso e empolgante.
“Fábrica” (“Fabryka” / “Fabric”, 1971, Polônia) e “Sete Mulheres de Diferentes Idades” (“Siedem kobiet w różnym wieku” / “Seven Women of Different Ages”, 1978, Polônia) de Krzysztof Kieslowski [curta]
Dois curtas de Kieslowski, sobre assuntos bem diferentes: no primeiro, o dia-a-dia e reuniões de uma fábrica (composta prioritariamente por homens) e no segundo, uma bela história de sete mulheres bailarinas em que os dias da semana fazem referência à fase na vida de cada uma. Documentários bonitos do célebre diretor polonês, com um foco carinhoso nas personagens.
Essa semana não teve nenhum grande filme visto. Segui vendo vários do Oscar, e nenhum muito forte. O melhor mesmo foi um filme que acabou não lembrado, uma experiência queer no exército, que se não chega em Beau Travail, é uma boa contribuição ao cinema norte-americano.
“The Inspection” de Elegance Bratton (2022, EUA) [queer]
Um olhar queer sobre o exército meio original, pelo menos em uma narrativa clássica norte-americana. Jeremy Pope foi indicado ao Globo de Ouro e com razão. Ele vive com perfeição Ellis French um negro gay sem rumo que decide ir para o exército e sofre um bocado quando sua homossexualidade é descoberta, em um papel autobiográfico para o diretor/roterista Elegance Bratton em seu filme de estreia.
O filme não cai no melodrama e cria relações interessantes e complexas de Ellis não só com seus colegas e superiores em um exército pós-11 de setembro e no auge do Don’t Ask Don’ Tell, mas principalmente com seus dilemas, desejos, e fantasmas interiores.
Mais Destaques de 2022
“Corsage” de Marie Kreutzer (2022, AUT/LUX/ALE/FRA)
Um olhar melancólico e sereno para a figura de Sissi, a Imperatriz Elizabeth do Império Austro-Húngaro que foi sinônimo de beleza e sensualidade e se vê aos 40 anos, em meio a relacionamentos amorosos e políticos. O filme parte de um realismo históricos e aos poucos, em detalhes, cria seu próprio universo quasi-atemporal para contar a história de uma pessoa que é despida aqui ao mais básico possível, a um corpo em busca do mínimo possível (a cena do corte de cabelos é belíssima) para não se perder em tantas emoções.
É um filme bem bonito visualmente e a câmera tem sim um olhar interessado também para todos aqueles jogos sensuais que rolam entre pessoas bonitas/ricas/poderosas. A parte que dialoga com o nascimento do cinema é super intrigante e ainda que o filme demore para engrenar fica muito poderoso ao fim.
“Minha Pequena Terra” de Emma Kawawada (“My Small Land” / “Mai sumoru rando”, 2022, JAP/FRA)
Um filme delicado sobre um pai e duas filhas que emigraram do Curdistão e vivem na região metropolitana de Tóquio. A história é contada pela filha mais velha, já adaptada à sociedade local, que vê seu trabalho, estudos e relações ameaçados quando o status legal da família perde a validade.
Um filme singelo, aparentemente sem grandes ambições, mas com momentos muito bonitos, em especial
“Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft” de Sara Dosa (“Fire of Love”, 2022, EUA/CAN)
Ainda não vi o filme do Herzog sobre o casal de vulcanólogos, mas esse filme mais convencional – indicado ao Oscar de documentário – é uma ótima introdução para a vida cheia de aventura e desafios dos dois franceses. As imagens de arquivo são lindas, e a narração de Miranda July não ajuda muito, mas também não atrapalha para mim.
Outros Filmes de 2022
“Sra. Harris Vai a Paris” de Anthony Fabian (“Mrs. Harris Goes to Paris”, 2022, RUN/CAN/FRA/HUN/BEL) [longa] indicado ao Oscar de figurino
Nossa, me fez chorar e por essa eu não esperava. Filme bem bonitinho, sessão da tarde total. O final é bem esperado, mas parece que foi alterado, já que no livro, ela só lembra do que viveu e decide que tudo valeu a pena, algo que claro não traduziria bem num filme convencional.
Lesley Manville, indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz em comédia e musical sustenta bem, auxiliada por um excelente elenco coadjuvante, com destaque claro para Isabelle Huppert. Figurinos de Jenny Beavan são belíssimos e define bem cada personagem. Ela venceu três Oscars já por “Uma Janela para o Amor” em 1986, “Mad Max” em 2016 e “Cruella” ano passado.
“Os Anos do Super 8” de Annie Ernaux, David Ernaux-Briot (“Les années Super-8” / “The Super 8 Years”, 2022 FRA) [longa]
O típico exemplo em que eu não sei se gostei do filme ou só das imagens. Annie Ernaux venceu prêmio Nobel de literatura no fim do ano passado, ou seja, depois do lançamento do filme, e aqui com a ajuda do filho resgata imagens em super-8 filmadas em sua maioria pelo ex-marido, mostrando a desintegração da família em meio ao dia-a-dia e viagens para os paraísos esquerdistas dos anos 1970.
“Utama” de Alejandro Loayza Grisi (2022, BOL/URU/FRA) [longa]
Bonito filme boliviano sobre um jovem que passa semanas na casa dos avós em uma região isolada do Salar. Paisagens contemplativas em meio a uma trama sobre a proximidade da morte.
“Cine Marrocos” de Ricardo Calil (2021, Brasil)
Belo longa que parte da ocupação do Cine Marrocos por um grupo de moradores de rua para discutir o papel do cinema e de suas salas na sociedade. O cinema foi um dos palcos do Festival Internacional de Cinema de 1954, então o diretor exibe esses filmes e promove uma oficina de teatro para a reencenação de algumas das cenas. No meio disso tudo, ainda consegue pintar um painel complexo da ocupação, mostrando várias faces e visões do que acontece.
“Till – A Busca por Justiça” de Chinonye Chukwu (“Till”, 2022, EUA)
Filme convencional sobre um caso marcante de homicídio racista nos anos 1950, liderados por uma atuação ótima de Danielle Deadwyler, indicada ao SAG.
“Terra de Deus” de Hlynur Pálmason (“Vanskabte land” / “Godland”, 2022, DIN/ISL/FRA/SUE)
Filme bonito sobre um padre dinamarquês que é enviado para o território islandês para catequizar. Viajando com uma câmera, ele encontra desafios linguísticos já que não consegue aprender o idioma descobre a terra e seus povos, e a si mesmo no processo. Filme “de cinema”, que não traduz tão bem para a telinha. Foi o indicado da Islândia ao Oscar desse ano.
“The Village Detective: a song cycle” de Bill Morrison (2021, EUA)
Um filme meio perdido e não entendi se era sobre a descoberta de um filme no fundo do mar na Islândia, se era sobre o ator russo, ou sobre o próprio Bill Morrison. A trama que envolve o filme é interessante e deixa com vontade de descobrir mais sobre o ator investigado, mas não dá nenhum pulo.
“A Conspiração do Cairo” de Tarik Saleh (“Boy from Heaven” / “Walad Min Al Janna”, 2022, SUE/FRA/FIN/DIN)
Filme bem feito sobre a disputa de poder na escolha do Grande Imã a partir da visão de um jovem do interior que estuda numa das maiores universidades islâmicas do mundo, a Al-Azhar que se vê no meio de gente graúda da religião, do exército e da política. As vezes a trama se perde um pouco ou fica bem megalomaníaca mas vale para quem se interessa por política.
“Neil Young: Harvest Time” de Neil Young (2022, EUA)
Obrigatório para fãs de Neil Young, com ótimas imagens de bastidores. Destaques são as conversas com um condutor da Filarmônica de Londres e uma criança que era sensação na rádio de Nashville, mas falta liga ao filme.
“Don Juan” de Serge Bozon (2022, FRA/BEL)
Fui cheio de expectativa para esse musical francÊs, mas saí decepcionado, apesar de um Tahar Rahim radiante.
Descoberta dos arquivos
“Quatro Filhos” de John Ford (“Four Sons”, 1928, EUA)
Que filme lindo. Fala-se muito de um Ford à la Murnau e faz sentido, pois Ford cria aqui toda uma mise en scene bem bonita numa pequena cidade alemã no início do século XX, com personagens coadjuvantes bem escritos e actuados, servindo bem à trama geral: a vida de uma mãezona alemã com seus quatro filhos é impactada com a primeira guerra mundial. O drama atinge níveis extremos na sequência de um reencontro em meio a morte.
“The Atom Strikes!” de Army Pictorial Service, U.S. Signal Corps (1945,EUA)
Ainda no tema da guerra, um média documental belíssimo sobre os efeitos das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Um dos primeiros relatos da tragédia foi considerado um documento de pesquisa pelo exército americano e na época não foi lançado, ainda que tenha tido sua influência, mencionado no livro de Amos Vogel “Filme como uma arte subversiva”. O áudio do depoimento do jesuíta francês (que é mencionado no famoso livro de John Hershey que li na época de ensino médio) é bem ruim, mas a mensagem é bem clara.
“The Flipside of Dominick Hide” de Alan Gibson (1980, Reino Unido)
Parte da série de telefilmes “Play for Today” feita para a BBC e parece que teve sua influência e gerou continuações. Um londrino de 2130 que vive numa sociedade pacífica e estável, pousa em 1980 durante uma de suas missões de observação com fins ilegais: encontrar o avô de sua avó, uma criatura que ainda lembra com ternura dos velhos tempos.
Quem se interessa por filmes futuristas deve curtir esse filme e também quem estiver pesquisando representações de Londres no cinema e televisão, especialmente Notting Hill com suas bagunças e confusões que encantam Dominick. Um filme bonito e que lembra alguns detalhes do roteiro de “De Volta para o Futuro”.
“Un franco 14 pesetas” de Carlos Iglesias (“1 franco, 14 pesetas”, 2006, ESP)
Um filme muito pessoal para o diretor, filho de espanhois que imigraram para a Suíça na década de 1970. É um filme claramente dividido em duas partes, com altos e baixos em ambas. Sinto ele um pouco travado na história principal, sendo que perde chances de mostrar mais detalhes da adaptação dos dois amigos naquela pequena cidade suíça. O final, visto pelos olhos do personagem autobiográfico é bem bonito.
“Mocidade Heróica” de Hans Steinhoff (“Hitlerjunge Quex: Ein Film vom Opfergeist der deutschen Jugend” / “Our Flags Lead Us Forward”, 1933, Alemanha)
Um marco da literatura nazista de 1932, que foi ao cinema justamente no ano em que Hitler chega ao poder. É um filme muito bem feito, articulado, aparentemente aberto para os sofrimentos e apelos do pai comunista, mas que ao fim julga como um pensamento antiquado para os tempos.
“Tino” de Guy Hocquenghem, Lionel Soukaz (1985, França) [média] [queer]
Os diretores são um escândalo mas o filme não traz um bang. Um casal (hétero) americano se interessa por um jovem árabe em viagem a Europa e o traz para sua entourage. Me lembra um pouco o estilo que João Pedro Rodrigues faria depois, mas o filme não vai a lugar nenhum.
“YMO Propaganda” de Makoto Satô (1984, Japão)
Musical japonês, como um grande video-clipe lembrando um pouco a incursão de Prince em Sign o the times – que seria feito três anos depois!
“All My Babies: A Midwife’s Own Story” de George C. Stoney
Um documentário realista sobre parteiras, uma profissão que o documentário narra, estaria em extinção mas ainda é muito importante em comunidades com pouca presença hospitalar. O destaque do filme, claro, é a filmagem bem explícita de um parto, imagens muito marcantes. O filme todo com praticamente uma hora de duração é de uma delicadeza linda.
“The Dislocation of Amber” de Hussein Shariffe (1975, Sudão) [média]
Média contemplativo de um dos artistas sudaneses mais importantes do século XX. Bonito, mas um pouco difícil de entrar. Fiquei curioso para ver mais coisa dele.
Retroativamente lembrando dos melhores filmes vistos na primeira semana de janeiro. Espero logo logo fazer em tempo real. Ao lado em colchete indico se um filme lida com alguns dos meus temas de pesquisa favoritos, ou seja [queer], [esporte] [vida/morte] – que as vezes pode ser sobre passagem do tempo, etc ou sobre [memória] sem ser muito filosófico, e [viagem], ou ainda história do cinema [cine]. Sempre na minha visão, se quiser saber mais, me manda uma mensagem rs
5 Melhores Filmes
1- “O Video de Benny” de Michael Haneke (“Benny’s Video”, 1992, AUT/SUI) [vida/morte]
Um Haneke inicial que eu não conhecia e funciona como prelúdio perfeito para “Funny Games”. Não lembro se o Benny de Arno Frisch tem relação com o Paul de cinco anos depois, mas já temos aqui toda a obsessão pelos aparatos audiovisuais, o vídeo e também uma curiosidade mórbida sobre o corpo e a morte. Muita coisa que seria retrabalhada em “Caché” aparece aqui também.
Primeiro filme de Frisch que devia ter uns 16 anos aqui e está sublime, numa mistura entre assustador e encantador que impressiona. As comparações com a Guerra da Bósnia que invadem as imagens dos telejornais são um pouco óbvias mas bem utilizadas.
2- “Uma Noite no Lago” de Max Walker-Silverman (“A Love Song”, 2022, EUA) [vida/morte]
Um filme bem curtinho e bonito, dividido em três partes. A personagem de Dale Dickey lembra muito a Frances McDormand de “Nomadland”, uma viúva meio perdida num trailer no meio do nada. Mas é muito mais low key. Ainda que não tente usar a protagonista como uma representante da sociedade, ela é defendida com muito vigor e energia por Dickey, magnífica. Escolhas de músicas, mise en scene e diálogos perfeitos, com coadjuvantes que não roubam a cena, mas impressionam.
3- “Carvão” de Carolina Markowicz (“Charcoal”, 2022, BRA/ARG) [queer] [vida/morte]
Um filme angustiante, cheio de camadas que de pouquinho e pouquinho são reveladas, trazendo um enorme prazer para o espectador que passa a acompanhar uma família pobre do interior de São Paulo, composta por um casal, o filho pequeno e o pai da esposa moribundo. Uma agente de saúde faz uma proposta mórbida que acaba levando um criminoso argentino a se esconder lá, uma situação que vai piorando a cada dia.
4- “A Propósito de Nice” de Boris Kaufman, Jean Vigo (“À propos de Nice”, 1930, FRA) [viagem]
Um média metragem bem lindo, uma homenagem a cidade e a praia de Nice, e aos habitantes/turistas/viajantes.
5- “O menino que não podia nadar” de Anders Helde (“Drengen der ikke kunne svømme” / “The Boy Who Couldn’t Swim”, 2011, DIN)[queer]
Média que vi por acaso no Youtube e me surpreendeu bastante. Um bonito relato de dois jovens dinamarqueses perdidos por Copenhague. Uma ótima representação de Christiania.
Outros seis filmes imperdíveis
“Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial” de Richard Linklater (“Apollo 10 1/2: A Space Age Adventure”, 2022, EUA) [memória]
Fiquei meio confuso com o filme porque eu tinha visto “Apollo 11” de Todd Douglas Miller, uns dias antes e me pareceu que o documentário havia servido de pesquisa para a criação do filme já que são tantas as similaridades. Mas acho que eles não têm relação direta.
A animação em rotoscopia é bem interessante, e a narração de Jack Black funciona bem. O bloco de meia hora de memórias dos anos 1960 é muito lindo. Ainda que a ideia já seja um pouco batida, mas a longa sequência é bem emocionante e envolvente. Uma pena não ter sido indicado ao Oscar de animação!
“Head Burst” de Savas Ceviz (“Kopfplatzen”, 2019, ALE) [queer]
Um poderoso filme sobre um tema tão sensível. Enquanto o filme foca na crescente atração de um homem bem-sucedido pelo filho da vizinha, o diretor alemão sustenta muito bem sua direção, com uma mise-en-scene muito bem filmada e atuações perfeitas do trio principal. Mas eu sinto que padece de um mal comum em “filmes de tema” que é o apagamento por completo da vida cotidiana que segue. Mais do que um personagem, Markus (Max Riemelt) parece um modelo de personagem e assim, o final é infeliz mas previsível.
“Rua sem fim” de Naruse Mikio (“Kagirinaki hodô” / “Street Without End”, 1934, JAP)
Tal como Chaplin, Naruse ainda se mantém fiel ao cinema silencioso em meados dos anos 1930. Uma história bem bonita que lembra bastante o cinema norte-americano urbano da época.
“Scarborough” de Shasha Nakhai, Rich Williamson (2021, CAN) [queer?]
O filme demora MUITO para engrenar e é bem chatinho no começo, mas depois que as apresentações são feitas, o filme lida com muita sensibilidade as personagens sofridas de um subúrbio de Toronto.
Todos atores são incríveis, mas fiquei encantado especialmente por Aliya Kanani, que luta por manter o espaço educativo aberto. As crianças também são fenomenais, em especial Liam Diaz, que venceu o prêmio de melhor ator canadense de forma muito merecida.
“Um Lago” de Philippe Grandrieux (“Un lac” / “A lake”, 2008, FRA) [queer?]
Não sou o maior fã de GRandrieux, mas tem coisas bem interessantes, especialmente como filme os corpos se mexendo por aquele espaço gigante. Mas de algum modo eu sinto falta de algo, não sei se é uma forma muito bonita e moderna para histórias meio antigas que eu já não me conecte mais. Talvez estivesse esperando um jogo mais erótico e queer dos dois protagonistas masculinos. De qualquer maneira, gostei muito da relação entre os irmãos.
“Under the Hammer” de Richard Wilson (“Play for Today: Under the Hammer”, 1984, RUN)
Comédia bem divertida com um humor muito britânico sobre os bastidores de um museu que vai receber a Princesa de Gales no dia seguinte para um leilão e os problemas que acontecem quando um quadro recém-descoberto do Van Gogh tem sua autoria questionada e ainda sofre um dano. Diálogos rápidos e curiosos, com atores excelentes.
Apanhado de filmes vistos para o Oscar, Globo de Ouro, etc:
“Last Film Show” de Pan Nalin” (“Chhelllo Show”, 2021, IND/FRA) [cine]
Opinião impopular, mas eu prefiro esse ao RRR. Filme bonito sobre uma criança que se apaixona a primeira vista pelo cinema e passa os dias na sala de projeção, além de bolar histórias com amigos de uma pequena cidade indiana. Emocionante e um retrato interessante do impacto da sétima arte num vilarejo da Índia.
“Top Gun – Ases Indomáveis” de Ridley Scott (“Top Gun”, 1986, EUA)
Primeiro filme do ano. Revi e sigo sem achar que é tão gay quanto a indústria do entretenimento tentou vender nos anos 1990. É só um bando de hétero chato mesmo.
“Top Gun 2” de Joseph Kosinski (“Top Gun: Maverick”, 2022, EUA)
Achei um filme típico de Hollywood ao abraçar a idade de seus astros e os colocar em confronto com jovens promissores. Tom Cruise é um paizão que nunca conseguiu criar uma família e vive em busca de um filho, enquanto o filho do seu melhor amigo passa a vida em busca do pai, falecido no primeiro filme. E ambos finalmente se encontram.
Lembra um pouco “Rocky Balboa”, “Duro de Matar 4.0” ou mesmo “Bravura Indômita”, o filme que deu um Oscar para John Wayne mais pela estatura de sua carreira do que pelo filme em si. Esse eu até achei um pouco mais queer, não só pelo todo complexo de édipo queer que movimenta a trama, mas com todos os jovens ali no começo do filme curtindo a vida na base, mas quando o plot engrena, o filme volta pro piloto automático.
“Elvis” de Baz Luhrmann (2022, EUA/AUS)
Começou muito bem, naquela loucura toda do Luhrmann, mas… depois vira um filme bem padrão, com a atuação típica de Oscar-bait de Austin Butler, que é até boa (mas que sotaque chato) e de Tom Hanks, essa não, pavorosa. Filme bem chatinho, bobo, mas com alguns momentos interessantes que servem de wikipedia visual sobre a história do Elvis.
“Ruído Branco” de Noah Baumbach (“White Noise”, 2022, EUA/RUN)
Adam Driver e Greta Gerwig são excelentes, mas os personagens aqui bem pouco explorados, resumidos a taglines (“professor de estudos de Hitler que não fala alemão”, etc), e a grande virada promete mas cumpre pouco. Um filme meio artificial, e o núcleo familiar que era tão bem construído em “A Lula e a Baleia” ou os dilemas seja cômicos/leves (“Frances Ha”), seja dramáticos (“Uma história de casamento”) ou meio depressivos (“Greenberg”) tão caros ao cinema de Baumbach não empolga.
“Meu Policial” de Michael Grandage (“My Policeman, 2022, RUN/EUA) [queer]
Melhor dos dois filmes ruins de Harry Styles. Vou confessar que eu curti um pouco a história do passado, mas achei um saco a do presente, em parte porque é pautada por um mistério bem fraco e depois por uma “aceitação” forçada. Tenebroso e que afunda o filme. Mas quando o filme está nos anos 1950 é bem interessante, em especial a atuação de David Dawson, mas também o início do romance gay.
“Amsterdam” de David O. Russell (2022, EUA)
Nossa, um filme totalmente perdido, com vários personagens interessantes, mas outros meio abobalhados e sem uma direção clara.
“Don’t Worry Darling” de Olivia Wilde (2022, RUN)
A única coisa interessante do filme é a famosa casa de deserto Kaufmann, mas todo o resto é um porre completo. A descoberta da grande surpresa poderia ser interessante, mas infelizmente não engrena.
“O Enfermeiro da Noite” de Tobias Lindholm (“The Good Nurse”, 2022, EUA)
Eu estava gostando bastante do início, mas quando começa a ficar claro que Eddie Redmayne é um psicopata, fica um jogo de gato e rato bem chato. Depois desse filme fiquei com medo maior ainda de ir para hospitais.
“Paloma” de Marcelo Gomes (2022, BRA/POR)[queer]
Era considerado um dos possíveis indicados para representar o Brasil no Oscar, e talvez seja até teria feito mais sucesso com os membros da Academia, por ser um retrato bem simpático de uma cidadezinha do interior do Brasil, e meio que realista. Se a gente considera a parte final como “realista” ou não é um grande debate do cinema queer atual. Eu preferia quando a história era menos voltada para clichês e um embate direto ali antes da lua-de-mel.
Curtas
“Time and film I” de J. C. Mol (“De tijd en de film I”, 1928, HOL) [tempo]
Começo achei que seria life-changing, com um incrível estudo das possibilidades de manipulação de tempo mostrando cenas do dia a dia, esportes, cidade, etc, mas aí vira algo sobre plantas e fica bem chato.
“A Miracle Well” de Vladimir Degtyaryov (“Chudesnyy kolodets”, 1956, URS)
Curta de animação muito fofinha com uma moral bem atemporal tanto para crianças quanto adultos muito sérios.
“A Vingança do Cameraman” de Wladyslaw Starewicz (“Mest kinematograficheskogo operatora” / “The Cameraman’s Revenge”, 1912, RUS) [cine]
Fazia anos que eu não via esse curta mas é muito divertido e meu favorito disparado do Starewicz. Tenho visto outros filmes dele recém-lançados no Karagarga: The Insects’ Christmas (“Rozhdestvo obitateley lesa”, 1913, RUS); “A Formiga e o Gafanhoto” (“Strekoza i muravey”, “The Grasshopper and the Ant”, 1913, RUS); The Scarecrow (L’épouvantail, 1921, FRA); “Love in Black and White” (Amour noir et amour blanc, 1928, FRA) e esse segue o melhor.
Meus 97 filmes/séries favoritos de 2019 (+ 2 ou 3 extras)
Como eu gostei tanto de fazer a lista dos meus filmes favoritos de 2021 eu resolvi fazer mais uma, mas agora voltando mais um ano. Tendo como base sempre o ano-calendário de lançamento dos filmes (e de conclusão da temporada/minissérie), 2020 já me permite um certo tempo para ter visto os principais lançamentos e mais dos filmes e séries menos conhecidos. Ao mesmo tempo, muita coisa não está fresca na memória e novamente a lista é um retrato do que eu lembro agora (meados de dezembro de 2022) do que foi lançado em 2020.
O aviso que eu fiz em 2021 e não levei muito a sério é repetido: não fiz tantos comentários para evitar que demorasse mais tempo para sair. A memória me traiu algumas vezes. Em alguns filmes eu anotei uma nota altíssima (9) mas quase não me lembro; em outros um 7,5 não saiu da memória e eu trabalhei um pouco com essas diferentes abordagens na lista final.
Assim como em 2020 um curta é meu favorito. Gabriel Motta, diretor e protagonista fez o filme que o meu eu-viajante adoraria fazer (ou viver), em “Dois Homens ao Mar”, um curta excelente visto no Mix Brasil 2020. A medalha de prata seria de “We Are Who We Are”, minissérie da HBO que eu só fiquei atento e assisti graças ao Cineclube Rock Hudson a qual devo eterna gratidão por ter visto e descoberto muita coisa sensacional queer durante um período tão ruim que foi aqueles primeiros meses de pandemia. Foi ainda no “auge” do lockdown que eu assisti “Nomadland”, um filme tão lindo sobre o estado de espírito andarilho.
Aliás é uma tônica dos filmes que eu mais gostei de 2020: personagens meio a deriva, soltos, em busca de algo em alguém a seu redor. “Quo vadis, Aida” foi um soco no estômago e é muito diferente de “Days” ou “Limbo”, mas no fim são filmes em que os personagens precisam encontrar uma solução para o problema que os cerca. Tanto em “Limbo” quanto em “Quo Vadis, Aida”, é uma situação político-humanitária, mesma questão de “O Céu de Alice”.
E teve também os filmes de festa que eu amo tanto, de “Lovers Rock” a “Dustin”, além dos filmes sobre a “vida lá fora”, cujo melhor exemplo é “À l’abordage” mas também “As coisas que fazemos, as coisas que dizemos”. “Animais Mortos”, “O Jovem Caçador” e “Garçon chiffon”, “Se Fosse Amor” são filmes queers que eu amei de montão e super recomendo (podemos incluir “Palm Springs” nessa lista né?), assim como “Homens Pink”, que tem um trabalho de arquivo maravilhoso. “PVT Chat” ainda que não exatamente queer é muito ousado também, sobre sexcam.
“Meu Pai” e “Siberia” são viagens fantásticas dentro da mente: enquanto o primeiro por uma perspectiva realista por parte daqueles mais próximos, o segundo por um modo experimental a partir da primeira pessoa. É um pouco a mistura destes dois modos com alívio cômico o mote de “As Mortes de Dick Johnson”.
58 Longas
Nomadland – Sobreviver na América / Nomadland / 2020 / EUA/ALE / Chloé Zhao
O que dizer desse filme? As expectativas eram altas e ele entrega tudo. Não só um tratado sobre o proletariado contemporâneo, mas a jornada de uma mulher de 60 anos que escolheu a vida às margens da sociedade (não exatamente fora dela, importante deixar claro) e agora viúva e sem trabalho fixo, passa por perrengues, sem necessariamente se arrepender de seu estilo de vida. Frances McDormand está sublime e a fotografia é fantástica.
Quo Vadis, Aida? / 2020 / BOS/AUT/ROM/HOL/ALE/POL/FRA/NOR/TUR / Jasmila Zbanic
Um dos filmes mais soco no estômago que eu já experimentei. O espectador é jogado no meio da loucura que era Srebrenica em 1995. Você sabe o que vai acontecer, não há escapatória. Montagem e direção fenomenal mantêm a tensão até o fim.
Days / Rizi / 2020 / TWN/FRA / Tsai Ming-Liang
Um filme praticamente sem diálogos. Mas transbora sentimentos, emoções e aflições. Achei que seria chato e me encantei do início ao fim. Melhor longa queer da lista.
Limbo / 2020 / RUN / Ben Sharrock
A primeira cena parece saída de um filme alternativo pretensioso. Mas pouco tempo depois esquecemos ela. O filme, sobre imigrantes ilegais numa ilha afastada da Escócia, esperando o pedido de asilo, é muito envolvente e abre muitas camadas instigantes. Vale dar uma chance.
O Céu de Alice / Skies of Lebanon / Sous le ciel d’Alice / 2020 / FRA / Chloé Mazlo
Segundo melhor filme dirigido por uma Chloé em 2020. Um filme que dosa bem a narrativa e o experimental. Chloé Mazlo consegue de forma surpreendentemente lírica transformar momentos pesados ou complexos de uma forma bem singela.
Meu Nome é Bagdá / My Name Is Baghdad / 2020 / BRA [SP] / Caru Alves de Souza
Fabuloso filme sobre uma adolescente paulistana, tentando encontrar seu lugar de mundo, em meio a seus amigos skatistas. Melhor filme de jovem e de esporte da lista.
À l’abordage / All Hands on Deck / 2020 / FRA / Guillaume Brac
Cheguei a comentar desse filme como um daqueles filmes solares, um filme que te deixa com vontade de ir para a vida, conhecer gente, se arriscar mesmo neste mundo louco. Só assim as coisas acontecem. E vendo esses filmes estimulam ainda mais esses nossos sentidos.
Lovers Rock / 2020 / RUN / Steve McQueen
Mesma coisa do anterior. Com o extra de ser um filme de festa, um filme em que o futuro está em borbulhos. É um filme em que a memória está sendo produzida no instante. A vontade de viver os anos 1980 só não é maior do que estar de olhos abertos para o presente.
As Coisas Que Dizemos, As Coisas Que Fazemos / Love Affair(s) / Les choses qu’on dit, les choses qu’on fait / 2020 / FRA / Emmanuel Mouret
Confesso que achei estranha essa presença na lista do top10 dos Cahiers du Cinema e me encantei demais com o filme. Continuando com o raciocínio anterior dos filmes acima na lista, talvez este filme seja uma ode ao ato de criar, que está intrinsecamente ligada com o de viver. Seja como memórias diretas ou como inspiração, o viver é o que gera a criação, e este filme é absolutamente fascinado pelas estruturas narrativas. Como escolher quem amar? E como contar esse amor? Niels Schneider está sublime.
Borat: Fita de Cinema Seguinte / Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan / 2020 / RUN/EUA / Jason Woliner
Eu absolutamente odiei o filme quando ele saiu. Acho que achei bem ofensivo mesmo. Mas alguns filmes de Sacha Baron Cohen depois (fiquei encantado por “Bruno”, amei de paixão “O Ditador”), acho que passei a entender e apreciar melhor o humor dele. Eu acho quase que tudo que rola aqui muito sublime, um olhar irônico e atentivo aos Estados Unidos mais selvagem que consegue de alguma maneira escapar aos olhos. A equipe de Borat trata eles com certo carinho, conseguindo então extrair cenas maravilhosas. A debater ainda sobre a ética deste cinema e se algumas coisas são “reais” ou não. Me interessa muito esse debate, mas pouco altera na apreciação da obra.
The Woman Who Ran / Domangchin yeoja / 2020 / CRS / Hong Sang-soo
Confesso que lembro bem pouco porque vi ainda no primeiro semestre de 2020. Mas as imagens e os sentimentos que vivi ali seguem fortes. É um “típico” filme de Hong Sang Soo em que personagens tentam se encontrar pelo mundo, mas a personagem feminina dá um respiro do arquétipo mais comum dele, e os diálogos estão inspirados.
O meu filme do coração deste ano tirando as obras-primas que encabeçam a lista. Um filme sobre jovens alemães descobrindo sentimentos, experimentando novas formas de viver, sem medo do que vem pela frente. É o filme da tal “sexualidade fluída” mas com personagens bem complexos e um tanto traumáticos. É o típico de filme que eu poderia facilmente sugerir várias mudanças ou desenvolvimentos mais interessantes de personagens mas talvez sua grande força seja justamente o que ele deixa no ar como promessa.
Meu Pai / The Father / 2020 / RUN/FRA / Florian Zeller
Um filme que mexeu muito comigo como qualquer filme sobre morte, perda de memória e sentido da vida o faz. Eu não sou tão fã assim da Olivia Colman, como o mundo todo, mas aqui ela atinge as notas certas da personagem. Anthony Hopkins no que talvez seja sua melhor atuação da carreira. A direção é fantástica em transpor o sentimento tanto da perda de memória e loucura do pai quanto de um sufocamento e desespero da filha no que é basicamente um filme de apartamento.
Homens Pink / Pink Men / 2020 / BRA [SP/SC] / Renato Turnes
Um filme que me marcou muito quando vi no Mix Brasil em 2020 ainda que seja um pouco convencional – talvez por isso. LGBTQ idosos (pelo menos eu acho que eram!) contam de suas experiências, em um misto de filme de memória, filme sobre morte e filme queer como eu amo. Filme fortíssimo e com uso maravilhoso de imagens de arquivo.
Sibéria / Siberia / 2020 / ITA/ALE/GRE/MEX / Abel Ferrara
Um filme sensação na época que vi, durante a Mostra (online) de São Paulo. A cena de Runaway é maravilhosa.
As Mortes de Dick Johnson / Dick Johnson Is Dead / 2020 / EUA / Kirsten Johnson
Belíssimo filme de relação de filha e pai em que eles tentam fazer as pazes com uma possível morte iminente dele. Divertido e emocionante.
Palm Springs / 2020 / EUA/HKO / Max Barbakow
Adam Samberg está fantástico neste filme, e o roteiro é bem inteligente. Gostei bem mais do que imaginava. Ganha pontos pela piada queer muito bacana.
Boys State / 2020 / EUA / Amanda McBaine, Jesse Moss
Um retrato envolvente ainda que um tanto divertido do ambiente político juvenil.
O Jovem Caçador / Young Hunter / El Cazador / 2020 / ARG / Marco Berger
Um filme curiosíssimo que vai contra o caminho simples do queerbaiting de personagens héteros o qual Berger estava enveredando, mas ainda assim aprofundando suas teorias sobre a sexualidade e afetividade masculina fluída. É um filme confuso porque parece celebrar aquilo que está condenando e tem medo (como o próprio Berger declarou) de ir além em um certo realismo. Ou seja, é um filme perdido, mas com certo vigor. Bem curioso para rever esse filme em alguns anos.
PVT chat / 2020 / EUA / Ben Hozie
Um filme estranhíssimo, uma tentativa de Vertigo online nas ruas de Nova Iorque e em salas de camshow.
Garçon chiffon / My Best Part / / 2020 / FRA / Nicolas Maury
Adorei o filme e Nicolas Maury está mágico em cena. Muito over the top, algumas coisas se perdem um pouco e algumas saídas e encontros me parecem um tanto forçados. É o filme dos sonhos de Maury e nem sempre são as melhores escolhas mas é algo a ser celebrado, um filme em que o diretor/ator se joga completamente, se exibe 100% sem pudor. Uma obra bem bonita e envolvente.
Se Fosse Amor / If It Were Love / Si c’était de l’amour / 2020 / FRA / Patric Chiba
Um belo filme sobre companhia de dança, muito envolvente.
Education / 2020 / RUN / Steve McQueen
Bela Vingança / Promising Young Woman / 2020 / RUN/EUA / Emerald Fennell
O Espião / The Mole Agent / El Agente Topo / 2020 / CHL/HOL/ESP/ALE/EUA / Maite Alberdi
Luz nos Trópicos / Light in the Tropics / Luz nos Trópicos / 2020 / BRA / Paula Gaitán
Passou / All of this is gone / 2020 / BRA / Felipe André
Wolfwalkers / 2020 / IRL/LUX/FRA/DIN/EUA/RUN / Tomm Moore, Ross Stewart
Sportin’ Life / 2020 / ITA / Abel Ferrara
Undine / 2020 / ALE/FRA / Christian Petzold
American Utopia / David Byrne’s American Utopia / 2020 / EUA / Spike Lee
Mangrove / Mangrove / 2020 / RUN / Steve McQueen
Vil, Má / Divinely Evil / 2020 / BRA / Gustavo Vinagre
Canto dos Ossos / 2020 / BRA / Petrus de Bairros, Jorge Polo
Vento Seco / Dry Wind / 2020 / BRA / Daniel Nolasco
Revelação / Disclosure: Trans Lives on Screen / 2020 / EUA / Sam Feder
Atleta A / Athlete A / 2020 / EUA / Bonni Cohen, Jon Shenk
Futur Drei / No Hard Feelings / 2020 / ALE / Faraz Shariat
Verão de 85 / Summer of 85 / Été 85 / 2020 / FRA/BEL / François Ozon
Feels Good Man / 2020 / EUA / Arthur Jones
Casa de Antiguidades / Memory House / 2020 / BRA/FRA / João Paulo Miranda Maria
Sublet / Sublet / 202 / ISR/EUA / Eytan Fox
Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua / Vilas: Serás lo que debas ser o no serás nada / 2020 / ARG / Matías Gueilburt
Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem / Emicida: AmarElo – It’s All for Yesterday / 2020 / BRA / Fred Ouro Preto
As Três Mortes de Marisela / The Three Deaths of Marisela Escobedo / Las tres muertes de Marisela Escobedo / 2020 / MEX / Carlos Perez Osorio
Um Segundo / One Second / Yi miao zhong / 2020 / CHN/HKO / Zhang Yimou
Crip Camp: Revolução pela Inclusão / Crip Camp / Crip Camp: A Disability Revolution / 2020 / EUA / James Lebrecht, Nicole Newnham
Preparativos para Ficarmos Juntos por Tempo Indefinido / Preparations to Be Together for an Unknown Period of Time / Felkészülés meghatározatlan ideig tartó együttlétre / 2020 / HUN / Lili Horvát
Ney – À Flor da pele / 2020 / BRA [SP/RJ] / Felipe Nepomuceno
Benedetta / 2020 / FRA/BEL/HOL / Paul Verhoeven
Fassbinder: Ascensão e Queda de um Gênio / Enfant Terrible / 2020 / ALE / Oskar Roehler
Downstream to Kinshasa / En route pour le milliard / 2020 / FRA/CAT/BEL/RDC / Dieudo Hamadi
Falsos Milionários / Kajilionaire / 2020 / EUA / Miranda July
Lejano interior / 2020 / ARG / Mariano Llinás
A Vida de Tove Jansson: A busca pelo desejo e paixão / Tove / 2020 / FIN/SUE / Zaida Bergroth
Crazy World / Ani Mulalu? / / 2014/2020 / UGA / Nabwana I.G.G.
Dois Homens ao Mar /Two Men by the Sea/ 2020 / BRA[RS]/EST / Gabriel Motta
Meu filme favorito do ano. Um filme que para mim representa de forma muito viva os encontros fortuitos de viagem que às vezes mudam a vida mesmo durando poucas horas, neste caso de um brasileiro (interpretado de forma excelente pelo diretor) em Tallinn, capital da Estônia.
A direção é perfeita, especialmente na cena do café mas também na emocionante sequência final e na cena “sóbria” do meio que poderia cair num certo clichê, mas que só cria uma personagem mais complexa ainda, interpretada bravamente por Mauri Liiv. Se alguém me perguntar porque eu gosto de viajar tanto, esse filme tem a resposta.
Dustin / 2020 / FRA / Naïla Guiguet
Um filme sobre festas, sobre desejos, sobre a noite que não acaba nunca. Sobre os amigos e amantes das festas, dos sonhos mas também da dura realidade e dos pesadelos que a vida às vezes proporciona.
Aos Cuidados Dela / In her care / 2020 / BRA [SP] / Marcos Yoshi
Morde & Assopra / Bite & Blow / 2020 / BRA [MG] / Stanley Albano
The Rabbit Hunters / The Rabbit Hunters / 2020 / CAN / Evan Johnson, Galen Johnson, Guy Maddin
Primeiro Amor / Premier Amour / 2020 / FRA/GRE / Haris Raftogiannis
Os Anéis da Serpente / Los Anillos de la Serpiente / 2020 / CHL / Edison Cájas
Eden / 2020 / BEL / Sven Spur
Dádiva / Gift / 2020 / BRA [SP] / Evelyn Santos
Kini / 2020 / URU / Hernán Olivera
Está Apenas na Minha Cabeça / It’s Just in My Head / È solo nella mia testa / 2020 / ITA / Marius Gabriel Stancu
Quarto de Casal / Dobles / 2020 / PER / Álvaro García-Baquero
O Fim do Sofrimento (Uma Proposta) / The End of Suffering (A Proposal) / To telos tou ponou (Mia protasi) / 2020 / GRE / Jacqueline Lentzou
Nha Mila / 2020 / SUI/POR / Denise Fernandes
Os Heróis que Ficam em Casa / The Stay-at-Home Heroes / 2020 / BUL / Todor Nikolov
VAI! / 2020 / BRA/ALE / Bruno Christofoletti Barrenha
Água / Water / 2020 / MEX / Santiago Zermeño
O Paraíso desce à terra / Heaven Reaches Down to Earth / 2020 / AFS / Tebogo Malebogo
Pornô Anos 80 / 80s Porn / 2020 / BRA [SP] / Mateus Capelo
Os Últimos Românticos do Mundo / The Last Romantics of the World / 2020 / BRA [PE] / Henrique Arruda
The World of tomorrow 3 / World of Tomorrow Episode Three: The Absent Destinations of David Prime / 2020 / EUA / Don Hertzfeldt
Former Cult Member Hears Music for the First Time / 2020 / EUA / Kristoffer Borgli
Deserto Estrangeiro / 2020 / BRA [RS] / ALE / Davi Pretto
Turdus Merula Linnaeus, 1758 / 2020 / POR / João Pedro Rodrigues
O Paraíso desce à terra / Heaven Reaches Down to Earth / 2020 / AFS / Tebogo Malebogo
Hunger Ward / 2020 / EUA / Skye Fitzgerald
Extra: Vídeo clipe de “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim” / 2020 / BRA / Manu Gavassi
12 MINISSÉRIES E TEMPORADAS
We Are Who We Are / 2020 / ITA/EUA Luca Guadagnino
A série sensação de 2020 e talvez uma das minhas representações favoritas da juventude em audiovisual. Certamente do audiovisual recente em formato longa. Os atores estão fenomenais. Luca parece livre de algumas amarras que o prendiam em “Me chame pelo seu nome” e faz um trabalho completamente visceral com uso fantástico de trilha sonora e de uma fotografia que parece estar colada aos corpos dos atores. O episódio final e a cena final em si é completamente sensacional.
Schitt’s Creek 6ª Temporada / Schitt’s Creek – Season 6 / 2020 / CAN / Jordan Canning, Donna Croce, Andrew Cividino & Daniel Levy
A temporada final não é minha favorita, mas é bem bonita. É basicamente uma grande celebração ao casamento que acontece no último episódio e que bom que o Emmy finalmente resolveu celebrar essa série com os sete prêmios principais de comédia. Os últimos episódios em que os personagens coadjuvantes passam a ter suas “últimas cenas” deixa um sentimento agridoce e foram muito bem feitas. Um final digno que me deixou umas boas semanas em busca de tudo que conseguia encontrar sobre a série.
Druck 5ª Temporada (Nora Machwitz) / Druck Season 5 / Druck Staffel 5 / 2020 / ALE Luzie Loose, Faraz Shariat, Sophie Linnenbaum
Por enquanto é a única versão estrangeira que eu vi de SKAM. As quatro temporadas originais são ótimas (e devem entrar nos tops seguintes), mas na quinta temporada, livre de seguir o roteiro original, Druck “vira” o que se espera: uma série que consegue tratar de forma livre a juventude nacional, no caso alemã. Personagens frescos dão uma renovada na trama.
Ozark 3ª Temporada / Ozark Season 3 / 2020 / EUA / Jason Bateman, Cherien Dabis, Amanda Marsalis, Ben Semanoff, Alik Sakharov
Que final incrível!!! A minha temporada favorita de Ozark, em que a trama familiar atinge um nível bem assustador em que cada vez mais os Byrde precisam cavar mais ainda para aparentemente sair do buraco. Se a gente tinha alguma esperança, esqueça! Laura Linney cada vez mais rouba a cena – ainda que Jason Bateman e Julia Garner seguem excelentes – e Janet McTeer brilha demais.
Sex Education – 2ª Temporada / Sex Education – Season 2 / 2020 / RUN / Ben Taylor, Sophie Goodhart, Alice Seabright
The Last Dance / 2020 / EUA / Jason Hehir
Normal People / 2020 / IRL/RUN/EUA / Lenny Abrahamson, Hettie Macdonald
The Circle: Brazil 2020 / BRA/RUN
Valeria 1ª Temporada / Valeria Season 1 / Valeria Primera Temporada / 2020 / ESP / Inma Torrente, Nely Reguera
Big Brother Brasil 2020 / BRA
O Gambito da Rainha / The Queen’s Gambit / 2020 / EUA / Scott Frank
Amor & Anarquia – 1ª Temporada / Love & Anarchy Season 1 / Kärlek och anarki – Säsong 1 / 2020 / SUE / Lisa Langseth
Extra: Episódios S03E07 e S03E08 de “Dark”: “In Between Time” / “Zwischen der Zeit” & “Paradise” / “Das Paradies” / 2020 / ALE / Baran bo Odar
No início do ano tinha iniciado uma lista de melhores filmes, mas não foi pra frente. Daí umas semanas atrás eu pensei “vai ser agora”. Não foi. Tentei fazer uma lista bem grande e completa, mas acabou ficando pelo caminho. Desta vez eu enrolei mais porque ainda não tenho todos os filmes catalogados, mas achei melhor publicar logo e eventualmente retornar a ela, e a atualizar.
Queria fazer textinhos sobre cada. Explicar melhor. Mas olha o quanto de barreiras a gente coloca na nossa frente. Fiz umas fraseszinhas só quando sentia que podia comentar algo, mas sem atrapalhar. Mesma coisa com fotos. São filmes tão lindos que da vontade de poluir a lista com imagens.
(spoiler: acabei botando uma fotinha e um textinho pra cada filme, além de adicionar de última hora dois filmes vistos hoje… se eu deixar pra amanhã mudo mais ainda…)
Principalmente com curtas, a data de lançamento é sempre polêmica. Tentei seguir sempre a data da primeira exibição, seja em circuito ou festival ou mesmo publicação online. Pensei em ampliar ainda o conceito de audiovisual. Transmissões televisivas, esportivas? Memes ou vídeos no tiktok (por que não?). Mas não foi dessa vez. Deu para colocar uma temporada de série e uma minissérie incríveis que veio de cabeça. Mas o importante é: todas essas 48 produções audiovisuais são muito incríveis!!Vejam! Pergunte-me como.
20 LONGAS
1- A Pior Pessoa do Mundo / The Worst person in the world / Verdens verste menneske / 2021 / NOR/FRA/DIN/SUE / Joachim Trier
Joaquim Trier fez um dos meus filmes favoritos, “Oslo, 31 de agosto”. É um modo de vida muito diferente do brasileiro. Os três personagens são incríveis e se complementam bem (seguindo algo já explorado em “Reprise”). Anders Danielsen Lie, ator excelente, médico, poliglota e gostoso, está excelente aqui, mas Herbert Nordrum também é incrível e o destaque do elenco é Renate Reinsve, indicada ao Bafta. A gente fala mal do Oscar, mas quando o filme foi indicado a ROTEIRO ORIGINAL e filme estrangeiro, comemorei muito.
2- Hit the road / Jaddeh Khaki / 2021 / IRA / Panah Panahi
Filho de Jafar Panahi fez um filme lindo. É difícil até explicar, mas fala de uma família num momento importante (e meio enigmático) da vida. Cenas incríveis, como a do espaço e a rádio, ficam na cabeça por muito tempo
3- Coração Errante / Almost in Love / Errante corazón / 2021 / ARG/BRA/HOL/ESP/CHI / Leonardo Brzezicki
Um dos primeiros filmes que eu vi esse ano. Leonardo Sbaraglia tenta conciliar a vida hedonística de orgias gays e pegações com as obrigações de ser pai de uma adolescente, neste filme maravilhoso que se passa entre Buenos Aires e Rio de Janeiro.
Se eu fizesse uma lista de melhores cenas – e quase fiz! – “Veridis Quo” estaria ali no top10 certamente. Não a toa, foi o primeiro filme na história a ser indicado em melhor documentário, animação e filme estrangeiro. Que história mavilhosa, mas o principal mesmo é a sensibilidade e complexidade com que ela é narrada
5- A Ilha de Bergman / Bergman Island / 2021 / EUA / Mia Hansen-Løve
Difícil achar alguém mais miazete do que eu. Mas tenho algumas questões com o filme. Não sei se entendi bem o que o final representa, principalmente. A trilha – e seus momentos – não me marcaram como aconteceu com alguns amigos. Mas a disucssão sobre autoria, inspiração, criatividade e muito trabalho, são fascinantes. O que signfica Bergman para nós? Como seguir o caminho dos que nos inspiram, dos que nos abriram os caminhos, seja parceiros e/ou ídolos? Filme para ser revisto.
6- Pequena mamãe / Little Mom / Petite maman / 2021 / FRA / Céline Sciamma
Filme mais lindo de 2021 que trata a morte como protaognista. Outros aí em cima tem a passagem de tempo / construção de memórias como módulos narrativos, mas aqui é tudo direto: refletimos sobre luto, morte, família, duração temporal, construção de laços que seguirão na vida toda. Ainda funciona como conto infantil.
7- Drive my car / Doraibu mai kâ / ドライブ・マイ・カー / 2021 / JAP / Ryûsuke Hamaguchi
Outro filme que quero rever. Bonito filme sobre arte e cultura, e como os espaços nos afetam. Curiosamente seria filmado no exterior, mas a covid o obrigou a filmar em Hiroshima e faz todo sentido. E bônus por ser um dos poucos filmes mainstream que incluem covid no dia-a-dia diegético.
8- Licorice Pizza / 2021 EUA/CAN Paul Thomas Anderson
A discussão sobre o tema do filme e o relacionamento principal diz muito de como o cinema atual pode estar passando – ou passar – por um momento de auto-censura. Um artigo bem interessante na Gawker sobre “Red Rocket”, de Sean Baker chega a mencionar Licorice Pizza.
Mas pouco importa. O filme é um olhar nostálgico para os anos 1970, mas sem se prender ao passado. É uma visão fascinante da Los Angeles dos anos 70, e me lembrou um pouco a forma com que Jacques Demy e Agnès Varda filmaram a cidade.
9- Rio Doce / Sweet River / 2021 / BRA / Fellipe Fernandes
Meu filme brasileiro favorito de 2021, por enquanto. Apaixonado por toda a família e suas relações e amor e ódio.
10- Ataque dos Cães / Power of the Dog / 2021 / RUN/CAN/AUS/NZL/EUA / Jane Campion
Os quatro atores são a alma do filme, que parece um pouco acadêmico demais para o que se propõe (ou o que eu queria que propusesse?). E a virada final me parece um tanto… truque. Mas como um todo, é um filme bem lindo.
11- Desaprender a Dormir / Unlearning to Sleep / Desaprender a Dormir / 2021 / BRA [SP] / Gustavo Vinagre
O melhor filme de 2021 sobre os traumas da covid, sobre confinamento e a necessidade de aprender a controlar a convivência com os próximos e principalmente, consigo mesmo.
12- Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental / Bad Luck Banging or Loony Porn / Babardeala cu bucluc sau porno balamuc / 2021 / ROM/LUX/RTC/CRO/SUI/RUN / Radu Jude
A reunião na escola, o efeito covid, tudo grita 2022 e é muito bom.
13- Titane / 2021 / FRA/BEL / Julia Ducournau
Típico filme que eu não curto, mas nossa, sensacional!! Imagens fortíssimas e uma relação fascinante que se estabelece entre os protagonistas. Queria ter visto no cinema.
14- The Dog Who Wouldn’t Be Quiet / El perro que no calla / 2021 / ARG / Ana Katz
Um filme surpreendente e muito esperto. Quanto menos saber sobre ele é melhor.
15- Compartimento 6 / Compartment Number 6 / Hytti nro 6 / 2021 / FIN/RUS/EST/ALE / Juho Kuosmanen
Filme bonito sobre os prazeres inesperados de uma viagem. Mas sinto falta de personagens coadjuvantes, para ser honesto.
16- Spencer / 2021 / RUN/ALE/EUA/CHL / Pablo Larraín
Um dos poucos filmes da lista vistos no cinema – graças à programação campista… – e foi fantástico. Trio fantástico com a música super presente de Greenwood e a câmera fantástica de Claire Mathon auxiliando a narrativa do diretor chileno.
17- Deserto Particular / Private Desert / 2021 / BRA / Aly Muritiba
partes muito boas, outras nem tanto… mas um filme bonito sobre aventuras inesperadas e sair da zona de conforto.
2- O Durião Proibido / The Forbidden Durian / 2021 / BRA [PE] / Txai Ferraz
2- Venus de Nyke / Venus in Nykes / 2021 / BRA [PE] / André Antônio
Sou meio imparcial para avaliar esses filmes, mas ambos os filmes me impactaram de montão. Então estão empatados.
Ver o filme do Txai preso em casa foi muito forte. É um filme sobre o diferente, mas não pela chave do exótico. É a exploração do novo, se entregar a novos sabores, imagens, sons, barulhos e pessoas. O eterno viajante, seja na exploração física, na produção das imagens, quanto na produção e exploração de memórias.
Já o filme de André fala muito de exploração também, mas aí dos desejos mais profundos, em todos os sentidos. O final, anti-climático para muitos, é muito esperto em abrir possibilidades de leitura.
Os dois são filmes que talvez tragam signos do covid. Na impossibilidade de viajar, lembramos das imagens registradas e memórias fugazes; na impossibilidade de ir para as noitadas e mesmo contratar atores, André interpreta (quase) todos os papeis e abre novas chaves.
4- O Refúgio / Talking non-stop / The Deluge / Ununterbrochen reden / 2021 / ALE / Frédéric Jaeger
Um dos maiores prazeres em ter trabalhado na seleção internacional do Festival Internacional de Curtas de São Paulo (Kinoforum) foi ser um dos responsáveis por trazer esse filme ao mundo – bem, aos cinemas paulistas. Novamente um filme sobre covid, mas sobre como a covid nos afeta na sociabilidade e exploração do espaço e de outros corpos. Bem bonito mesmo.
5- Islands in the City / Die geheimnisvollen Inseln / 2021 / ALE / Marian Freistuehler
Outro filme alemão lindo… esse infelizmente não entrou, mas a seleção alemã deste ano estava sensacional. Uma espera…
6- Troubled Waters / L’eau à la bouche / 2021 / BEL / Emmanuelle Huynh
Um filme impactante e inconfortável ao nível extremo sobre impulsos sexuais. Legal notar que a diretora elogiou o discurso de Julia Ducournau ao receber a Palma de Ouro por “Titane” (acima), esperando que filmes mostrem mais temas desconcertantes.
Cineastas que conseguem filmar jovens sempre chamam minha atenção (Gus Van sant, Larry Clark, Skam, etc). Esse daqui é o melhor da safra de 2021.
8- Levados / Naughty Spot / Gare aux coquins / 2021 / FRA / Jean Costa
Não conheço Jean Costa – é brasileiro, parece – e fico curioso. Filme fascinante sobre um brasileiro que mora na França e viaja à Côrsega, explorando a vida gay local. Discussões interessantes sobre passado/presente.
9- Rom; Space / 2021 / NOR / Hilde Malme
Já falei como eu amo uma biblioteca???
10- Sem Título #7: Rara / 2021 / BRA / Carlos Adriano
Meu filme favorito de Carlos Adriano, uma homenagem bela a Ozu.
11- Wong Kar Wai One-Tenth of a Millimeter Apart / 2021 / HKO / Wong Kar-Wai
Um filme que não só relembra os melhores momentos dos filmes dele, mas também traz novas cenas e novas interpretações.
12- Sort of Grown Up / Erwachsen oder sowas / 2021 / ALE / Marlena Molitor
Outro desses filmes alemães maravilhosos de 2021, um docudrama sobre duas jovens berlinenses refletindo sobre o futuro.
13- Ambaasciatori / 2021 / ITA / Francesco Romano
O vasto mundo de um cinema pornô gay na Itália. Poderia ser mais forte, mas é um curioso estudo de personagens.
14- In Flow of Words / 2021 / HOL / Eliane Esther Bots
Me lembrou muito “Quo vadis, Aida”. Filme forte sobre a vida dos intérpretes no Tribunal de Haia e como eles são afetados pelo que traduzem.
15- Automne / 2021 / BEL / Felipe Casanova
Outro diretor brasileiro fazendo um belo filme gay na Europa. Aqui é mais sobre a descoberta do amor, da adolescência, muito bem filmado e com um roteiro adulto.
16- Datsun / 2021 NZL / Mark Albiston
Filme bonito sobre amizade e família.
17- Solar / 2021 / BEL / Gaspard Le Dourner
Me lembrou um pouco Assayas, numa versão para jovens, que exploram a casa da avó. Assim como “Horas de Verão”, o tempo que passa é o protagonista aqui.
18- Louis et Jeanne / 2021 / BEL / Amaury Fontaine Bouma
Atuações excelentes e fotografia ótima seguindo atentamente aos movimentos em cena.
19- For I Am Dead / 2021 / BEL / Patricia Delso Lucas
Filme bem estranho, mas curioso sobre um aristocrata do século XVIII (acho) que fica perdidamente apaixonado por um trabalhador de seu hôtel.
20- You Can’t Automate Me / 2021/ HOL / Katarina Jazbec
Bela reflexão sobre o trabalho contemporâneo.
2 TEMPORADAS / MINISÉRIES
Druck: 7ª Temporada / Druck Staffel 7 / 2021 / ALE / Arabella Bartsch, Mirjam Orthen, Chris Miera
As expectativas eram altas no skamverso para a temporada de Ismail, e os fãs em geral se sentiram decepcionados. Uma pena, mas talvez fale mais sobre como os fãs esperam algo que não é prometido. Protagonizada por Eren M. Güvercin, não-binário, houve muita expectativa que o personagem se declarasse não-binário de forma enfática, o que não acontece. Ficamos com sutilezas, idas e vindas, arrependimentos e tentativas de estabelecer a identidade, marca principal de Skam e desta refilmagem alemã.
Assim como no texto sobre Red Rocket que comentei acima, há uma necessidade de categorizar os personagens em caixas de exemplos a seguir e a não seguir. Mas Druck e Skam fogem em seus melhores momentos desta necessidade. Talvez realmente foram muitos personagens e muitas ações para seguir em poucos episódios, mas é um pouco desse caos e painel de personagens que SKAM e DRUCK encontram suas forças.
It’s a Sin / It’s a Sin / 2021 / RUN / Peter Hoar
Outro painel sobre a cena gay londrina dos anos 1980. O formato é curioso, e eu li que os criadores queriam fazer uma série maior, mas foi necessário diminuir para cinco episódios. É uma pena, porque seria interessante termos alguns personagens mais explorados. Certamente não é groundbreaking como se propõe, mas é uma bela série histórica sobre a epidemia de AIDS.
Olly Alexander faz um trabalho magnífico como outro desses protagonistas deploráveis mas fofos que estão fora de moda. Callum Scott Howells em sua primeira aparição nas telas rouba a cena, especialmente no terceiro episódio. Todas questões familiares são tratadas de maneira muito dura e interessante, com poucas conceções. Uma que me incomodou demais é mesmo apontada no último episódio, a caracterização não-sexual da protagonista feminina. Enfim, uma série incrível do começo ao fim e hedonista na medida certa para fazer a gente ficar doido para ir na próxima festa aleatória de apartamento.
De uma maneira parecida a Lovers Rock de Steve Mcqueen, é quase uma homenagem ao ato de sociabilizar, de sair a noite (e de dia) e conhecer pessoas novas, explorar universos e horizontes nem sempre próximos a princípio mas que podem mudar nossas vidas.
6 MENÇÕES HONROSAS (para filmes que não estão acima, mas são igualmente incríveis)
Atuação:Jodie Foster em O Mauritano / The Mauritanian / 2021 / RUN/EUA / Kevin Macdonald
O Oscar do ano passado foi provavelmente o que eu mais concordei em muito tempo – só me lembro de 2000 com Beleza Americana, Boys Don’t Cry, Being John Malkovich, etc. Mas claro que sempre tem algo pra reclamar… naquele ano foi a ausência de Cate Blanchett por Talentoso Mr. Ripley entre as indicadas… neste foi a ausência de Jodie Foster maravilhosa. que venceu Globo de Ouro e tudo (aliás, percebi que IMDB retirou o Globo de Ouro dos prêmios principais na página…). Mas enfim, ela e Tahar Rahim dão um show e elevam muito o filme
Filme de Viagem:Memoria / 2021 / COL/TAI/FRA/ALE/MEX/CAT/RUN/CHN/SUI / Apichatpong Weerasethakul
Curioso que eu vi numa cópia com problema no som e como o filme é basicamente sobre interpretações sonoras eu amei. Depois revendo na cópia “oficial” (acho), gostei menos. O mesmo aconteceu com “Tio Boonmee”, onze anos antes. Primeiro vi num cinema em Berlim sem entender nada de tailandês ou alemão e viajei completamente nas sensações… e aí quando revi no Brasil gostei menos – até amar de novo. Quem sabe seja assim…
De qualquer maneira, leio bastante o filme sobre a chave do “ir além de”, enfrentar mundos desconhecidos. Tilda Swinton faz isso ao se mudar para Bogotá e quando o filme continua até a sequência final meio indecifrável para mim. Mas que bom né?
Filme Queer: Firebird / 2021 / RUN/EST / Peeter Rebane Tinha tudo para dar errado, mas os protagonistas são ótimos – em especial Tom Prior e a química funciona. Bônus quinquilharia olímpica para uma garrafa térmica de Moscou 1980 (QUERO) que aparece rapidinho em cena.
Filme (queer) sobre a Morte (e Vida) Os Primeiros Soldados / The First Fallen / 2021 / BRA Rodrigo de Oliveira
Outro filme que eu sou meio imparcial, mas vi na Mostra Tiradentes com problemas de conexão no streaming. De qualquer maneira a parte final é sensacional e para mim é o ponto forte do filme, quando ele decola mesmo. Certamente a rever. Muito bonito também ver Vitória e outras partes de Espírito Santo representadas no audiovisual de forma tão sincera.
Filme Queer em Berlim:Boy meets boy / 2021 / ALE / Daniel Sanchez Lopez
Tem alguns locais que ganham ponto bônus só por estarem lá. E é isso. Mas realmente, Daniel filma bem a cidade que exerce uma forte influência.
Filme de Esportes:Untold: Crimes e Infrações / Untold: Crime and Penalties / 2021 / EUA / Chapman Way, Maclain Way
A primeira temporada toda da série é legal, mas esse é levemente melhor, talvez por ser justamente o caso menos conhecido
Para começar bem esse espaço Fernweh , resolvi montar uma série de textinhos sobre minhas viagens pela África, realizadas por 6 países + 1 conexão em um sétimo país em dois períodos diferentes. Entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, fui para Moçambique, África do Sul e Suazilândia (atual eSsuatini); em junho de 2018 passei um dia em Adis Abeba, na Etiópia; e entre maio e junho de 2019 fui para Togo, Benin e Nigéria.
Isso sem contar o meu primeiro “pouso”, uma conexão no aeroporto de Luanda, Angola. Ao final vou fazer um texto resumindo algumas experiências e depois teremos outros três textos complementares, sobre cinema africano, sobre esporte africano (e a importância dos países em muitas questões olímpicas) e questões LGBTQ nos países que visitei.
Cada parte vai ter um textinho, sobre o trajeto, experiências, dicas, e espero que seja de ajuda para quem esteja planejando uma viagem. Apesar de serem outros tempos, com o covid-19 e incertezas gerais, creio que o quadro geral pouco mudou. Se eu não esclareci algo ou trouxe dúvidas, por favor perguntem, o espaço aqui é para troca e posso fazer mais textos depois destes programados.
Ruínas na paradisíaca ilha de Santa Carolina, em Moçambique, onde os rumores dizem que Bob Dylan teria se hospedado nos anos 1970 – Foto: Acervo Pessoal (2017)
A África é um continente muito, muito, muito vasto, mas certamente necessita de um espírito de viagem que é bem diferente daquele da Europa, EUA ou até mesmo América Latina. Enquanto algumas áreas já são muito acostumadas com turismo (Egito, por exemplo), há outros países ou regiões que recebem poucos brasileiros a passeio, ou mesmo turistas que não sejam da própria região.
Claro que não recomendo nenhuma viagem agora, mas com o prosseguimento da vacinação e com fortes empecilhos para entrada de brasileiros na Europa, América, Ásia e Oceania, o continente pode ser um destino – em 2022… – para aqueles já vacinados.
Vista aérea de Lomé, capital do Togo – Foto: Acervo Pessoal (2019)
É também o continente que talvez tenha o menor número de textos publicados, mas tem alguns e recomendo a leitura deles se você for fazer uma viagem pelo continente, especialmente por mais que sejam sobre países ou experiências específicas.
Um bem legal que eu li foi “Destinos Invisíveis (uma Nova Aventura Pela África)” de Guilherme Canever. Outro ótimo relato de viagem, ainda que antigo e que inclui poucos destinos africanos é “Por todos os continentes: relatos ao longo de andanças por 82 países” de Roberto Menna Barreto. Se vocês tiverem mais dicas de livros, por favor me contem aqui!
De qualquer maneira, o maior conselho que eu dou em geral é: não dê tanta importância para conselhos que digam o que é certo e o que é errado! O mais importante é seguir o próprio coração e a vontade. Quer dizer, não existe um momento certo para viajar, um local certo para ir, ou uma forma certa de viajar, que sirva para todos.
Mercado de rua na mítica Soweto, Johnannesburgo, África do Sul – Foto: Acervo Pessoal (2016)
Dito isso, existem formas mais indicadas, existem maneiras de economizar durante a viagem, e talvez há maneiras de se comportar que sejam as corretas ou mais apropriadas para causar menos dor de cabeça e espero cobrir esses temas.
Entre eles: o que levar, mala, mochilão, mochila, só uma bagagem? Computador, câmera ou aparelhos eletrônicos são recomendados? Vale a pena mesmo escrever diário? Quais moedas e cartões carregar? Melhor fazer reserva antes ou na hora? é preciso ter um guia turístico ou visto? quais idiomas é importante ter uma noção ou isso não importa? etc…
E é importante saber que existem coisas que devem ser pesquisadas antes da viagem e isso serve para todas viagens. O mais fundamental é saber exatamente qual tipo de visto você precisa ou não precisa, as condições da passagem aérea, quais vacinas são necessárias – para vários países a da febre amarela é condição fundamental para brasileiros e provavelmente covid-19 também será em alguns meses. As condições tem alterado muito e em geral, o ideal é consultar o consulado do país e a companhia aérea – mas algumas vezes eles não dão respostas honestas, como vou contar em alguns causos que passei.
Influências brasileiras é visível por todo Benin, como nesta escola próxima ao Caminho do Não-Retorno – Foto: Acervo Pessoal (2019)
Importante lembrar que minhas anotações são apenas memórias do que eu vivi e que acho que pode auxiliar leitores que também vão viajar. A todos países da África eu sempre fui como turista – com certos privilégios como branco, jovem, sem qualquer impedimento de mobilidade, etc. Mas também nunca me hospedei em hotel, sempre viajei sozinho – com alguns companheiros de viagem que encontrei na estrada vez ou outra – e fiz trajetos sem luxo algum.
Um turista que tenta, sempre que possível, andar o caminho menos percorrido, como diz o poema
Oi pessoal, sejam bem-vindo ao Fernweh, o espaço em que eu vou falar um pouquinho das minhas viagens pelo mundo, seja para simplesmente compartilhar o que aconteceu comigo ou dar dicas. Fernweh é uma palavra alemã que não tem tradução exata, mas significa o anseio (weh) pela distância (Fern), o oposto ao Heimweh, ou anseio pela casa , geralmente traduzido como nostalgia. A palavra teria sido criada em meados do século XIX, e tem como sinônimo Wanderlust, aquela pessoa que tem desejo (Lust) em se aventurar (wandern) por aí.
Amigos alemães e que conhecem a língua podem me corrigir, mas eu vejo no Wanderlust algo mais relacionado à ação, enquanto o Fernweh tem mais a ver com o desejo e os sentimentos internos. Enquanto o Wanderlust talvez fizesse mais sentido em um diário de viagem, esse ato de rememorar me parece mais apropriado ao Fernweh – e é o nome do primeiro episódio de uma das minhas séries favoritas, a alemã “Heimat” (1984)! Quem sabe quando eu voltar a pegar a estrada passe a chamar aqui de Wanderlust!
Na segunda-feira (3) vou publicar o primeiro post de uma série de 14 posts sobre minhas viagens por alguns países da África. Mas para começar eu queria saber o que vocês mais querem saber sobre viagens, quais são as principais dúvidas e questões que vocês tenham! Obrigado e boa leitura!! No meu instagram colocarei versões resumidas dos textos e fotos legais dos locais. #Fernweh #ontheroad #viagens
EU VI TODOS OS FILMES DO OSCAR PARA VOCÊ SÓ PRECISAR VER OS BONS, E SÃO POUCOS, VENHA COMIGO!
Esse post será em duas partes. Primeiro eu falo sobre o que deve acontecer em cada categoria e depois faço um parágrafo ou mais sobre cada filme em duas subpartes: primeiro sobre longas e depois os 12 curtas, sempre na ordem de preferência.
No fim, aposto em The Trial of Chicago 7 levando três oscars incluindo filme, mesmo número de “Ma Rainey’s Black Bottom”. Mas minha torcida vai toda para “Nomadland” e “The Father”, filmes do coração, junto com “Quo vadis, Aida”.
Sigo achando que “Nomadland” é muito bom para Oscar, mas estão me deixando sonhar… vamos ver!
Sem mais delongas segue aí:
FILME
Aposto em: 1- The Trial of Chicago 7; 2- Mank; 3- Nomadland
Minha Torcida: 1- Nomadland; 2- The Father; 3- Promising Young Woman
Tenho falado a temporada toda de premiação que “Nomadland” é muito bom para vencer – seria meu favorito dentre os vencedores desde “Million Dollar Baby”. Não vou subestimar a capacidade dos eleitores do Oscar em escolher um filme grandioso e ruim como Chicago 7 ou Mank, mas tá todo mundo falando que Nomadland deve ganhar e eu espero que estejam certos. Seria o terceiro (ou quarto) Oscar para Frances McDormand e o primeiro como produtora. The Father seria um típico filme sério vencedor, e ficaria feliz; Promising Young Woman seria aquela surpresa divertida.
DIREÇÃO
Aposto em: 1- Chloé Zhao, “Nomadland”; 2- David Fincher, “Mank”; 3- Emerald Fennall, “Promising Young Woman”
Minha Torcida: 1- Chloé Zhao, “Nomadland”; 2- Emerald Fennall, “Promising Young Woman”; 3- Lee Isaac Chung, “Minari”
Acho que Chloé Zhao é mais segura aqui, já que seria um filme mais pessoal. Acho que só Fincher tem chances aqui ou não acho tão fora de tom se Fennall levar direção e Nomadland filme.
ATOR
Aposto em: 1- Chadwick Boseman, “Ma Rainey’s Black Bottom”; 2- Anthony Hopkins, “The Father”; 3- Riz Ahmed, “Sound of Metal”
Minha Torcida: 1- Anthony Hopkins, “The Father”; 2- Riz Ahmed, “Sound of Metal”; 3- Gary Oldman, “Mank”
Sem Tahar Rahim por “The Mauritanian”, Hopkins deveria ser o grande favorito pelo que possivelmente é a melhor interpretação de sua carreira. Mas os eleitores podem escolher dar o prêmio póstumo para Boseman, especialmente se não votarem em Viola Davis pelo mesmo filme. Acho difícil os dois atores de Black Bottom levar aqui.
ATRIZ
Aposto em: 1- Andra Day, “The United States vs. Billie Holiday”; 2- Viola Davis, “Ma Rainey’s Black Bottom”; 3- Frances McDormand, “Nomadland”
Minha Torcida: 1- Frances McDormand, “Nomadland”; 2- Viola Davis, “Ma Rainey’s Black Bottom”; 3- Carey Mulligan, “Promising Young Woman”.
Única categoria que não vou ficar meio chateado se qualquer uma levar. Vanessa Kirby tá ótima também, e Day carrega um filme ruim nas costas. McDormand é minha favorita do coração, mas ela ganhou por um filme horrível uns anos atrás interpretando um mesmo tipo de personagem, então carma é isso. Uma vitória de Mulligan seria bem legal.
ATOR COADJUVANTE
Aposto em: 1- Daniel Kaluuya, “Judas and the Black Messiah”; 2- Sacha Baron Cohen, “The Trial of Chicago 7”; 3- Paul Raci, “Sound of Metal”
Minha Torcida: 1- Daniel Kaluuya, “Judas and the Black Messiah”; 2- Paul Raci, “Sound of Metal”; (bem atrás) 3- Leslie Odom Jr., “One Night in Miami”
Houve uma época em que eu acreditava que Baron Cohen era o grande favorito, por estar no filme que eu considero o mais “oscarizável” e seria uma maneira de premiar ele também pelo ano maravilhoso, que incluiu “Borat”.
Mas Kaluuya ganhou terreno, o filme virou o assunto do momento nos EUA e parece que a vitória dele é certa. Meio incompreensível que Lakeith Stanfield também esteja indicado. Como que os dois protagonistas incontestáveis são coadjuvantes?
Minha Torcida: (write-in para Jodie Foster, “The Mauritanian”, pode, produção?) 1- Maria Bakalova, “Borat”; 2- Olivia Colman, “The Fater”; 3- Youn Yuh-jung, “Minari”
Sou fã mesmo de Borat e acho que Bakalova tem um timing perfeito para o filme. A vitória dela parece ser daquelas histórias tradicionais de categoria, uma jovem e bonita atriz, mas a veterana atriz sul-coreana também tem o “perfil” aqui. Colman tem um estilo específico de interpretaçao que funciona muito bem e ainda não acredito que tiraram a maravilhosa Jodie Foster de “Mauritanian” para colocar essa coisa da Glenn.
ROTEIRO ORIGINAL
Aposto em: 1- Aaron Sorkin, “The Trial of Chicago Seven”; 2- Emerald Fennell, “Promising Young Woman”; 3- Will Berson, Shaka King, “Judas and the Black Messiah”
Minha Torcida: 1- “Promising Young Woman”; 2- Abraham Marder, Darius Marder “Sound of Metal”; 3- Minari
É a categoria perfeita para “Promising Young Woman” e de certa maneira acho que leva, mas não duvido nada darem um prêmio para Sorkin aqui, seja se curtirem muito o filme ou se não curtirem a ponto de darem outros prêmios. E que falta faz “Palm Springs” aqui hein
ROTEIRO ADAPTADO
Aposto em: 1- Christopher Hampton, Florian Zeller, “The Father”; 2- Chloé Zhao, “Nomadland”; 3- Sacha Baron Cohen et al, “Borat Subsequent Moviefilm”
Minha Torcida: 1- “Nomadland”; 2- “Borat”; 3- “The Father”
Acho que tá entre esses três filmes mesmo, e feliz de Ramin Bahrani ter uma indicação em seu nome por “The White Tiger”. Nomadland seria o vencedor ideal, mas Borat e The Father podem levar se curtirem muito o filme mas não encontrar apoio em outras categorias.
FILME DE ANIMAÇÃO
Aposto em: 1- “Soul”, de Pete Docter; 2- “Wolfwalkers” Tomm Moore, Ross Stewart; 3- “A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon”, de Will Becher e Richard Phelan
Um dos Oscars mais certos da temporada, e muita gente só deve estar vendo “Soul”. Filme muito inspirado nos trabalhos de Don Hertzfeldt, não é ruim, e não merece mas é ok. Torço muito para uma surpresa aqui.
FILME ESTRANGEIRO
Aposto em: 1- Another Round (Dinamarca), de Thomas Vinterberg; 2- Quo Vadis, Aida (Bósnia) de Jasmila Zbanic; 3- Better Days (Hong Kong), de Derek Tsang
Minha Torcida: 1- Quo Vadis, Aida? (Bosnia); (bem atrás) 2- The Man Who Sold His Skin (Tunísia), de Kaouther Ben Hania; 3- “Collective” (Romênia) de Alexander Nanau
Nossa, nem era para estarmos discutindo nada, Quo Vadis, Aida? é o melhor filme disparado do Oscar, junto a Nomadland. Triste que não foi indicado em outras categorias, mas Vinterberg foi e isso mostra o quanto o pessoal curtiu. Nem acredito que vou torcer para o moralismo americano condenar uma história de amor aos valores etílicos e dar um prêmio para o “filme de genocídio”, mas aqui pode!
E não duvido nada uma surpresa aparecer, e o pior filme de todo o Oscar, “Better Days” levar essa bagaça. Ainda não superei que “La Llorona” da Guatemala ficou de fora.
Parece que “My Octopus Teacher” é o franco favorito, mas um filme tão insosso pode levar o prêmio? Faz sentido… mas ainda acho que “Crip Cramp”, um filme tão poderoso quanto é bonito e inspirador pode levar. O chileno “The Mole Agent”, melhor disparado, pode surpreender, assim como “Collective”, também indicado em filme estrangeiro.
CURTA FICÇÃO
Aposto em: 1- “Two Distant Strangers”; 2- “White Eye”; 3- “The Letter Room”
Minha Torcida: 1- “The Present”; 2- “The Letter Room”; 3- “White Eye”
Israel e Palestina estão indicados e seria curioso se fosse um ano normal, com os dois diretores estando presentes no almoço, na cerimônia e em todo trabalho de mídia. Desculpa por politizar o politizável, mas enquanto “White Eye” é um filme que tenta criar um espetáculo em si-mesmo (filme de tomada única) enquanto explora e observa de longe os problemas que imigrantes ilegais passam em Israel, “The Present” é um filme cru e real e que você sente ao estar na pele do protagonista.
Farah Nabulsi, a diretora, nasceu em Londres de pais palestinos e trabalhou em grandes bancos na City. Após visitar a Palestina pela primeira vez aos 35 anos, decidiu mudar de carreira e investir em produção de conteúdo jornalístico e audiovisual com intuito de denunciar as injustiças vivias pelos palestinos em seu dia-a-dia. É o típico filme que o Oscar adoraria, mas palestino?
Dentre os norte-americanos, “The Letter Room” é o mais interessante, mas “Two Distant Strangers” parece ter o momentum e falar para os EUA atual.
DOCUMENTÁRIO CURTA
Aposto em: 1- “Colette”; 2- “A Love Song for Latasha”; 3- “Hunger Ward”
Minha Torcida: 1- “ Love Song for Natasha”; 2- “Hunger Ward”; 3- “Colette”
Confesso que tou um pouco perdido aqui, mas “Colette” é o típico filme a vencer Oscar, mas talvez os eleitores podem reconhecer “Hunger Ward” aqui para não votar em “The Present”. Talvez o governo chinÊs e de Hong Kong com o boicote a “Do not split” podem ter dado uma forcinha para o filme ganhar.
Mas “A Love Song for Latasha” é o único grande filme aqui.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Aposto em: 1- “If Anything Happens I Love You”; 2- “Opera”; 3- “Burrow”
Me parece que “If Anything Happens I Love You” é o franco favorito, mas acho tão fraco. Torcendo para que o islandes “Yes-People” leve ou até mesmo “Burrow”, da Pixar.
MELHOR TRILHA
Aposto em: 1- “Soul”; 2- “Mank”; 3- “Da 5 Bloods”
Minha Torcida: olha, Britto, sinceramente… 1- “News of the World”; 2- “Da 5 Bloods”; 3- “Mank”
Achei todas trilhas bem qualquer coisa. Sinceramente, não me lembro de nenhuma nota musical delas, mas eu lembro que achei a de Mank um tanto invasiva, mas interessante. Na dúvida eu vou do classissismo de James Newton Howard, que pode levar finalmente seu primeiro Oscar em nove indicações.
MELHOR CANÇÃO
Aposto em: 1- “Speak Now”, de “One Night in Miami”, 2- “Fight For You”, de “Judas and the Black Messiah; 3- “Io sì (seen)” de “The Life Ahead”
Minha Torcida: 1- “The Life Ahead”; 2 “Husavilk” de “Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga”
Sinceramente, não curto nenhuma das músicas, mas seria legal ver Laura Pausini vencer o Oscar ou “Eurovision” ser um filme vencedor do Oscar, especialmente com uma música sobre Islândia e composta por um islandês. Parece que teremos performance ao vivo de Husavik também.
MELHOR SOM
Aposto em: 1- “Sound of Metal”; 2- “Soul”; 3- “Greyhound”
Minha Torcida: 1- “Sound of Metal”; 2- “News of the World”; 3- “Soul”
O único dos indicados que usa o som de forma criativa dentro de sua narrativa, “Sound of Metal” deve ser o franco favorito, mas “Soul” e “Greyhound” tem bons trabalhos de som também, apesar de eu curtir “News of the World”.
DIREÇÃO DE ARTE
Aposto em: 1- “Mank”; 2- “Ma Rainey’s Black Bottom”; 3- “The Father”
Minha Torcida: 1- “The Father”; 2- “News of the World”; 3- “Mank”
Assim como no caso acima, “The Fahter” é o filme que melhor utiliza o cenário e a direção de arte para mostrar as mudanças na mente de seu protagonista e sua adequação (ou falta de) ao espaço em volta. “Mank”, “News of the World”, “Ma Rainey’s Black Bottom” e “Tenet” estão todos na categoria ostentação que faz sucesso aqui. Como amam “Mank”, deve dar “Mank”.
FOTOGRAFIA
Aposto em: 1- Erik Messerschmidt, “Mank”; 2- Joshua James Richards, “Nomadland”; 3- Phedon Papamichael, “The Trial of Chicago 7”
Minha Torcida: 1- “Nomadland”; 2- Dariusz Wolski, “News of the World”; 3- Sean Bobbitt, “Judas and the Black Messiah”
Nunca subestime o poder da fotografia preto e branca desnecessária em conseguir um Oscar, ainda mais essa de “Mank” que é francamente bem fraquinha. E adivinhe, ganhou o prêmio do sindicato americano de forografia.
A de “Nomadland” é disparada, a melhor e mais interessante, trabalhando muito bem as paisagens e os interiores insólitos. Josh Richards assinou a fotografia de “God’s own country”, outro filme incrível.
Bobbitt, colaborador de Steve McQueen em seus longas tem a primeira indicação ao Oscar – seu trabalho em “Shame” é maravilhoso.
Comento abaixo no parágrafo sobre “Emma” como eu achei o filme chato, mas curti como apresenta o vestuário – e a nudez – como uma certa forma de hierarquização e atividade social. Posso ter bolado tudo isso só porque o material de direção era tão fraco, mas os figurinos são lindos e merecem um Oscar. Mas “Black Bottom” seria um vencedor merecido também.
EFEITOS VISUAIS
Aposto em 1- “Tenet”; 2- “Love and Monsters”; 3- “The one and only ivan”
Minha Torcida: 1- “Love and Monsters”; 2- “The One and Only Ivan”; 3- “Tenet”
A explosão no aeroporto deve ter garantido o Oscar a Tenet, mas acho o uso de efeitos em “Love and Monsters” muito mais divertido e original.
EDIÇÃO
Aposto em 1- “The Trial of Chicago 7”; 2- “Promising YOung WOman”; 3- “Sound of Metal”
Minha Torcida: 1- “The Father”; 2- “Nomadland”; 3- “Promising Young Woman”
Se amarem “Nomadland” e Chloé Zhao podem dar esse Oscar também, mas acho mais provável darem direção. Eu confesso que não curti tanto a edição de “The Father” na primeira vez, achei um pouco esquemática, chamativa, mas hoje eu gosto como mostra os “pulos” na narrativa. “Promising Young Woman” é inventivo, refrescante e pode agradar aos votantes do Oscar. Dito isso, acho que a edição chatérrima e baseada na palavra de Sorkin vai ganhar.
Acho que nenhum indicado se supera, mas a de “Pinóquio” é um trabalho de maquiagem bem bonito e integrado a história. A maquiagem de “Black Bottom” e “Mank” são bem chamativas, e acho aquele suor todo em “Black Bottom” parte integrante da história – merecia indicação a fotografia no lugar de “Mank”, inclusive.
OS LONGAS
Nomadland (d. Chloé Zhao, 2020, EUA)
É o filme do ano e não é à toa. É um filme que ao mesmo tempo que aborda a liberdade ‘imposta’ de uma vida sem emprego fixo e casa imóvel. Um filme perfeito para os tempos atuais, deve ser um escândalo ver no cinema – especialmente drive-in.
Baseado em uma história real que se transformou num livro-reportagem sobre americanos mais velhos que passam a viver em vans, tem vários destes personagens interpretando a si mesmo no filme, em que convivem muito bem com a protagonista, papel feito sob medida para Frances McDormand, que a defende com forte vigor.
A edição é maravilhosa, a fotografia que alterna vistas incríveis com uma movimentação de câmera perfeita, e uma trilha discreta mas bonita. Me lembra um “Na Natureza Selvagem” mais maduro. Um filme para ficar no coração e tocar a alma.
Quo Vadis, Aida (d. Jasmila Zbanic, 2020 BOS)
Assim como Nomadland, é uma ficcionalização a partir de uma história real e trágica. Todos sabemos o final, então nem é uma questão de o que vai acontecer, mas como.
O filme apesar de ser bósnio é feito explicitamente para a comunidade internacional. Não a toa os protagonistas são uma família intelectual, uma intérprete que trabalha na missão da ONU em meio à guerra civil da Bósnia e seu marido, ex-diretor de colégio. Uma personagem “do mundo” que o público-alvo do filme pode se conectar em meio a uma tragédia que afeta milhares de pessoas.
Não à toa também, os soldados holandeses responsáveis pela base da ONU ocupam um papel de destaque. O trauma dos dutchbats, que ainda é vivo nos Países Baixos, país que mergulha a fundo nos dilemas éticos nos conflitos (étnicos) alheios são o trauma do ocidente – similar ao que Michelle Aaron aponta em sua análise de “Hotel Ruanda”, outra mancha no ocidente -. Não somos nem os bósnios-sérvios que estão ali atrás de vingança, nem os cidadãos bósnios vítimas na tragédia. Somos os holandeses, que veem de mãos atadas e acabam sem querer querendo colaborando com o genocídio, antes de voltar seguros para seus lares. Tanto os coroneis, quanto os jovens soldados de 18 anos – e todos perfeitamente capturados em sua babyface e bermudas como participantes de um grande e trágico summercamp – são mais do que as testemunhas oculares da tragédia, como a consciência moral que ficará responsável em relatar ao mundo na volta ao lar.
Eu digo tudo isso – parece que não curto o filme! – mas é para dizer como a diretora operou bem seus personagens para contar de maneira mais crível a tragédia do dia-a-dia na Srebinica sitiada, pronta para a queda, ao fracasso enquanto se espera que o dia seguinte será a salvação, que não podemos piorar mais do que estamos. Guardada as devidas proporções, há diferença para o Brasil atual? Emn um país que vive um genocídio sanitário nas mãos de um governo incompetente e negligente, com três mil mortes diárias por Covid… é difícil não sair totalmente quebrado ao fim do filme.
Filme que merece muita atenção. Jasna Duricic, atriz sérvia, é minha atuação favorita das que eu vi este ano e se Oscar fosse um prêmio “sério”, não me surpreenderia com Johan Heldenbergh como ator coadjvuante, pela interpretação do Coronel Karremans.
The Father (d. Florian Zeller, 2020, FRA/RUN)
Filme fortíssimo sobre uma família que ameça se desintegrar quando o patriarca (Anthony Hopkins, sublime) começa a apresentar sinais que sua saúde mental está piorando. Claro que a pancada é mais suave quando a família consegue navegar por ondas tão violentas num navio um tanto suntuoso e temos espaço para nos preocupar apenas com o que importa.
Porém, essa ressalva não compromete o sucesso do filme. A montagem que trabalha bastante com repetições me deixou um pouco incomodado achando que poderia ser um thriller barato ao fim, mas talvez numa revisão funcione melhor ainda.
El Agente Topo / The Mole Agent (d. Maite Alberdi, Marcela Santibáñez, 2020, CHI/EUA/ALE/HOL/ESP)
Se Borat (ver abaixo) a gente já assiste sabendo ser documentário apesar de parecer ficção e do absurdo disso tudo, a situação é diferente neste maravilhoso filme chileno. A naturalidade dos personagens em meio às câmeras e os absurdos da situação em meio a uma trama de espionagem divertida nos fazem crer se tratar de uma ficção, mas nada.
É um retrato bonito sobre a velhice com atuações maravilhosas do elenco principal que embarca no filme. As diretoras conseguiram extrair algo de realmente sensível do filme, que pode ser lido com uma crítica ao sistema e à sociedade em como cidadãos de terceira idade são tratados, sem esquecer de prestar uma homenagem aos personagens principais de sua história.
Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan (d. Jason Woliner, 2020, EUA/RUN)
Eu assisti o primeiro filme no cinema e odiei. De lá até aqui, gostei de Bruno e amei O Ditador. Não consegui rever o primeiro mas suspeito que o problema fosse comigo e não com o filme.
O segundo é um retrato perfeito dos Estados Unidos no início de 2020, com a ‘sorte’ de ter pego o início da pandemia e ter conseguido incluir tão perfeitamente na trama. Jason Woliner é o diretor do filme, em seu filme de estreia, mas é difícil negar a força criativa de Baron Cohen, desta vez sem a parceria de Larry Charles.
O modo de filmar, similar ao primeiro, de convencer pessoas reais a agirem de forma autêntica para a câmera funciona tão bem que francamente parece ser encenado. Maria Bakalova, atriz de pouco currículo até então, embarca com fluência nata no estilo do filme e tem a grande cena e grande golpe com Rudolph Giuliani, antigo prefeito de NY e advogado de Donald Trump, em fim de carreira melancólico – achei que seria indicado ao Framboesa de Ouro inclusive.
Minha maior paixão, porém, foi a visão do filme do verdadeiro presidente cazaque Nursultan Nazarbayev – que deu o nome para a capital do país – interpretado por Dani Popescu.
Promising Young Woman (d. Emerald Fennell, 2020, EUA)
Um filme refrescante, inspirador com uma interpretação fenomenal de Carey Mulligan que carrega o filme, não por deficiência em outras partes, mas porque ela é a alma e carne de toda a trama. O filme de vingança aqui é renovado e as referências inundam o filme, mas ainda assim o filme apresenta-se como completamente original. Por enquanto é minha utilização favorita de uma música de Paris Hilton no cinema.
The Man Who Sold the Skin (d. Kaouther Ben Hania [ar-rajul allaḏī bāʿa ẓahrihu], 2020, TUN)
Um filme um tanto simples que sobrevive a partir da ideia principal do filme – genial, aliás – mas que é bem honesto nas questões apresentadas e na forma que as coteja.
Gostei muito do protagonista Yahya Mahayni. Acho que as questões éticas e morais do filme são um pouco simplificadas durante o filme, mas a força ainda persiste. Baseado na obra “Tim” do artista belga Wim Delvoye e enquanto o verdadeiro Tim parece ser mais interessante que Sam, a questão política do filme é bem explorada, apesar de por vezes parecer gratuito.
Sound of Metal (d. Darius Marder, 2019, EUA)
Um filme que se propõe a ser realizado com base no ponto de audição e não no ponto-de-vista é um experimento que pode dar muito errado, mas Sound of Metal consegue não ficar preso em sua base teórica e emociona com uma história de auto-conhecimento.
Ruben e Lou não são os protagonistas mais carismáticos e isso não só traz uma dose maior de veracidade ao filme, como nos conecta mais ainda com suas tentativas (cheias de erros) em melhorar e tentar dar um sentido para suas vidas.
A parte no centro para surdos é conduzida com notável habilidade e dá um certo respiro necessário ao filme, que “volta com um estouro” na parte final muito incrível.
Judas and the Black Messiah (d. Shaka King, 2021, EUA)
Apesar de ser um tanto longo, a relação dos dois protagonistas (que foram indicados ao Oscar de ator coadjuvante haha!) carrega bem o filme. Daniel Kaluuya, como o líder Fred Hampton é o destaque definitivo do filme, que não esconde sua militância – ao contrário, faz dela seu trunfo e força. Quase um embaixador americano do projeto Small Axe, de Steve McQueen.
Wolfwalkers (d. Tomm Moore, Ross Stweart, 2020, IRL/RUN/FRA)
Um belíssimo conto irlandês transformado num filme sensível e cheio de nuances que talvez fiquem mais interessantes ainda numa revisão. Eu achei um tantinho longo e sem ritmo as vezes, mas ao final a experiência vale muito a pena.
Crip Camp (d. Nicole Newnham, James Lebrecht, 2020, EUA)
Um documentário direto mas muito interessante sobre como um acampamento de verão para pessoas com desabilidades trouxe não só um crescimento pessoal e sentido de união para as pessoas presentes, mas também uma consciência política que teria grande impacto na vida norte-americana.
Contado através de entrevistas e impressionantes imagens de arquivo, é um filme inspirador mas que não usa seus personagens de escada para uma tese pré-fabricada. Ao contrário, é uma costura muito talentosa e interessante equilibrando bem os vários personagens e as histórias divertidas e importantes.
Pieces of a Woman (d. Mundruczó Kornél, 2020, CAN/EUA)
Quanto menos souber do filme mais interessante será a experiência, principalmente por conta da primeira parte. Shia LeBeouf comprova aqui ser um grande ator e Ellen Burstyn tem uma participação muito boa, mas é Vanessa Kirby quem tem o papel de destaque e sua atuação é um verdadeiro tour de force. Porém, me impressionou mais a atuação contida, discreta e poderosa de Molly Parker como a parteira. Seu olhar no espelho logo após o parto é uma das cenas mais interessantes do ano.
The White Tiger (d. Ramin Bahrani, 2021, EUA/IND)
Um filme divertido, cínico e inteligente, mas que se alonga por muitos momentos. Curto muito um certo ar anti-punição-pelos-maus-atos (que mancha um pouco o divertidíssimo I Care a Lot), e o filme acerta bem em apontar as questões sociais das relações dos personagens.
Aliás, todos os personagens principais são bem interessantes e multifacetados, o que promove a integração rápida do público com o filme que não só se vê na tela, mas enxerga também uma realidade muito próxima a sua, mesmo que o cenário seja diferente – mas curiosamente tudo se encaixa muito bem no Brasil.
Bahrani é um dos diretores mais interessantes do século, com Man Push Cart e 99 Homes e aqui faz sua entrada no mainstream.
A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon (d. Richard Phelan, Will Becher, 2019, RUN)
Um filme meio alucinante, mas muito fofinho, que envolve ovelhas inteligentes, uns britânicos meio broncos movidos a fish and chips e alienígenas. Faz tempo que assisti o primeiro filme, então posso ter perdido alguma referência, mas o filme diverte bem e consegue prender a atenção mesmo sem qualquer diálogo, de forma bem natural.
Collective (d. Alexander Nanau [Colectiv], 2019, ROM)
Conta muito bem a história de transformação política pela qual a Romênia passa quando um acidente numa casa de shows (algo similar ao que rolou na Boate Kiss no RS) expôe as fraquezas no sistema de saúde local.
O filme toma partido declarado do Ministro da Saúde no governo tecnocrata que se segue, o colocando como um profissional competente, dedicado e humanista que tenta navegar no emaranhado de corrupção política da Romênia.
Ele também se bota ao lado dos jornalistas defensores da verdade. Assim, seria curioso saber a história por trás do filme daqui a alguns anos…
News of the World (d. Paul Greengrass, 2020, EUA)
Tom Hanks é daqueles atores coringas que consegue trazer classe e sobriedade a basicamente qualquer filme. Ainda que a atriz mirim alemã Helena Zengel seja o destaque e principal chamariz, ele é o centro do filme e carrega bem o longa, uma jornada no coração dos EUA.
Ele trabalha como leitor de notícias e jornais “do mundo” nas comunidades que passa e o filme dialoga de forma curiosa com Nomadland, 150 anos atrás. O cenário, que auxiliou uma grande parte do cinema norte-americano é velho conhecido, mas
Minari (d. Lee Isaac Chung, 2020, EUA)
Filme bem fofinho, sobre uma família de origem sul-coreana instalada no coração dos EUA, suas lutas por adaptação e ao mesmo tempo uma defesa de seu status mais do que postulante ao sonho norte-americano mas como integrante da fundação das bases comunitárias que serve à América.
Como qualquer filme-tese, seus personagens são bem delimitados e os atores são muito bons em trabalhar a partir destas… limitações. Youn Yuh-jung, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante, tem o melhor papel e faz uma festa com ele (lembram de Alan Alda em Pequena Miss Sunshine?).
Love and Monsters (d. Michael Matthews, 2020, EUA)
Sim, mais um filme de fim de mundo, apocalípse, monstros, zumbis, aquelas coisas todas, que a gente já viu bastante, mas com um tom refrescante, um protagonista jovem e espirituoso (Dylan O’Brien) e um roteiro inteligente e energético que trabalha bem as convenções de gênero.
Soul (d. Pete Docter, 2020, EUA)
Um filme que prometia muito, mas entrega bem pouco. Todas as discussões filosóficas sobre morte são bastante chupadas dos trabalhos recentes de Don Hertzfeldt, e entregues num formato mais palatável e mastigado, e sem a invenção criativa e de cores do diretor americano.
É um filme interessante, de introdução, e curto muito como ele recria o metrô novaiorquino, mas penso que o corre-corre do final estraga um bocado a experiência.
Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga (d. David Dobkin, 2020, EUA)
Um eurotrash divertidíssimo. Eu como não entendo bulhufas de Eurovision, só como um local de onde saem um bando de música ruim, me diverti com uns estreótipos de vários países do velho continente e do espetáculo em si.
Apesar de pintarem uma Islândia meio mitológica e inocente com Will Ferreel, Rachel McAdams e Pierce Brosman como islandeses (!), o país funciona muito bem como uma divertida homenagem – parece até que os islandeses curtiram se ver e os fãs de Eurovision também aprovaram.
Time (d. Garrett Bradley, 2020, EUA)
Uma história bonita e acho legal que o filme não busca em nenhum momento a salvação do casal protagonista ou apresentá-los como inocentes em alguma trama maldosa. A tese do filme justamente é a de que não justifica um crime passado ter repercussão por décadas na vida das pessoas à margem do sistema, algo que afeta endemicamente a comunidade negra.
Gosto do uso de imagens de arquivo, mas achei as discussões filosóficas a respeito do tempo bem perdidas na história toda.
Another Round (Thomas Vintergerg [Druk], 2020, DIN)
Divertido, mas acho que busca muito ser um “Introdução à Filosofia” com umas referências pseudo profundas, mas pouco instigantes. Confesso que não entrei nem um pouco no filme, achei os personagens todos muito chatos e as questões discutidas um pouco bobas.
Senti falta de um aprofundamento maior entre as duas gerações do filme, o que seria óbvio pelo fato deles serem professores. Digo isso porque é clara a intenção do filme de apresentar estes quatro homens de meia-idade como de encontro a sua juventude perdida.
Onward (d. Dan Scanlon, 2020, EUA)
Animação divertida, mas esquecível. Os personagens dos irmãos são bem interessantes, mas quando o pai volta à vida, acho que o filme se perde um pouco, pois deixa de se interessar pelos personagens e passa a se focar nas ações que são meio chatas. O luto que os irmãos sentiam por exemplo é bem mais instigante do que as tentativas para resgatar o corpo completo que vira o tema principal do filme.
Ma Rainey’s Black Bottom (d. George C. Wolfe, 2020, EUA)
As várias partes deste filme funcionam bem, mas não encaixam de algum modo. O filme é um tour de force maravilhoso de Viola Davis e Chadwick Boseman também está bem no filme. A direção de arte, figurino e maquiagem são estonteantes e a fotografia em tons quentes nos deixa com vontade de tomar coca-cola o filme todo.
Mas apesar de ser um retrato da gravação de um disco seminal para a indústria musical norte-americana, o filme é muito preguiçoso e se contenta em estar “ali”, registrando este momento dito importante, de maneira menos invasiva – e criativa – possível.
The Midnight Sky (d. George Clooney, 2020, EUA)
Um filme bonito, espirituoso e de certa maneira filosófico, mas que termina por ser muito vazio, especialmente com a descoberta ao fim.
Da 5 Bloods (d. Spike Lee, 2020, EUA)
Um filme a qual estava muito interessado, mas talvez pelas expectativas eu sai bem frustrado. A história de um grupo de combatentes negros norte-americanos que volta ao Vietnã 45 anos depois para recuperar um tesouro escondido e honrar um amigo morto lá vira um filme de ação qualquer destes que se vê na televisão.
As promissoras discussões sobre a importância dos soldados negros na Guerra do Vietnã e a relação contemporânea entre norte-americanos e vietnamitas (ainda mais com o novo fluxo turístico que atinge a região) são deixadas de lado sem cerimônias por Lee, num filme longo e pouco engajante.
The Life Ahead (d. Edoardo Ponti [La Vita davanti a sé], 2020, ITA)
Veículo para Sophia Loren, o filme funciona bem como tal. Ela interpreta Madame Rosa, uma sobrevivente do holocausto, que mora em Bari e cuida de um jovem senegalês. Na relação entre os dois, os personagens crescem, num filme bem batido, mas ainda bem bonito. O filme de 1977 é mais interessante. Loren não traz muita coisa, além de sua perssona e o filme pode dar um Oscar a diva italiana Laura Pausini.
Greyhound (d. Aaron Schneider, 2020, EUA)
Aqui novamente temos Tom Hanks dando um certo grau de dignidade a um filme, mas desta vez ele não tem muito a oferecer. É um filme que se passa todo um navio durante guerra, mas nunca parece nem um pouco claustrofóbico, é um filme de guerra, mas o perigo parece passar longe. É aquele típico filme de ação, em que alguns personagens vão morrer e o protagonista vai passar ileso, com muitas lições aprendidas que levará para a vida.
My Octopus Teacher (d. Pippa Ehrlich, James Reed, 2020, AFS)
Imagens impressionantes do mundo submarino não sustentam um filme interessante, mas pouco criativo, com uma mensagem de auto-conhecimento que já está muito batida. As imagens do polvo brincando com a câmera são bem bonitas, e até trazem uma reflexão momentânea mas duram pouco.
Emma (d. Autumn de Wilde, 2020, RUN)
Uma outra adaptação de Jane Austen, sem nada de realmente interessante ou novo para agregar na discussão. Não sei se eu tava tão entediado que fiquei procurando mínimos detalhes, mas achei bacana como o filme apresenta tanta nudez em meio a opulências de figurino e cenário, e traz o vestir-se (e despir-se) como uma atividade cerimonial importante no século XIX, especialmente ao estabelecer relações entre mestre-empregado. Não à toa, o filme foi indicado a figurino e maquiagem. Mas pode ser só coisa da minha cabeça mesmo, já aviso. The Personal History of David Copperfield, indicado ao Globo de Ouro é uma adaptação de outra história meio batida, mas muito mais interessante.
Pinocchio (d. Matteo Garrone, 2019, ITA)
Socorro, quantas vezes Roberto Benigni vai interpretar Geppetto? O filme é bonito, tem umas cenas interessantes, a maquiagem é impressionante, mas o filme é um tanto frio e pouco criativo. Vale a pena ver se você não conhece a história, ou gosta muito dela, mas acho que as questões mais interessantes da obra ficaram de lado.
Over the Moon (d. Glen Keane, 2020, EUA/CHN)
O começo era promissor, mas um mês depois de ter assistido, tenho dificuldades em me lembrar do filme. Como Onward, o filme parte de um tema super interessante, o luto familiar – MUITO bem introduzido – para se transformar numa aventura meio barata, ainda que divertida, até que seus personagens superam medos e traumas e se reinventam.
The United States vs. Billie Holiday (d. Lee Daniels, 2021, EUA)
Outro filme biográfico sobre uma cantora fundamental da música norte-americana mas que é desprovido de algo mais do que a Importância da história ser contada. A direção e edição são muito fracas e a trajetória de embates de Holiday com o governo ganha força pela interpretação maravilhosa da estreante Andra Day, que aqui sim carrega o filme e o salva completamente.
The One and Only Ivan (d. Thea Sharrock, 2020, EUA)
Filme hollywoodiano típico da sessão da tarde, sobre um gorila e vários outros animais que vivem num circo e são explorados por seu dono de bom coração.
Mank (d. David Fincher, 2020, EUA)
Um filme muito aborrido, como os amigos espanhois e latinos falam. Li em algum lugar que é o típico filme da Netflix, em que você vê com o celular na mão buscando as referências jogadas pela trama, o que permite ao realizador (no caso o super competente David Fincher) só jogar elas no ar e não aprofundar nada direito.
O preto e branco parece dar apenas um ar mais pomposo aos vários travellings do filme, que tenta endeusar um pouco a figura da competente Amanda Seyfried que interpreta Marion Davies enquanto ao interpretar Herman Mankiewicz Gary Oldman tenta se transformar num bêbado consciente memorável da história do cinema à la Albert Finney em À Sombra do Vulcão, mas falta um bom material para ele.
Aqui, o público deve saber de antemão que ele acabou produzindo uma obra-prima e esses são os passos pelo qual teve que passar, tal qual as doze chagas de Cristo. Resumindo, uma lambança, mas com momentos que se você conhece Cidadão KAne, Uptown Sinclair ou outras das centenas de referências pode se divertir.
Mulan (d. Niki Caro, 2020, EUA)
Mais uma daquelas histórias batidas que de alguma maneira precisam ser contadas várias vezes. Mas nenhuma inventidade ou novidade neste filme formulaico.
One Night in Miami (d. Regina King, 2020, EUA)
Mais um filme da série “histórias reais poderosas para os espectadores de 2020”, é um filme que coloca quatro ótimos personagens num quarto e não sabe o que fazer com eles. Leslie Odom Jr. é o destaque ao interpretar Sam Cooke, prestes a lançar A Change is Gonna Come .
The Trial of Chicago 7 (d. Aaron Sorkin, 2020, EUA)
Difícil acreditar que Aaron Sorkin, roteirista dos maravilhosos A Rede Social e Steve Jobs, criou um filme tão verborrágico, mas com diálogos pavorosos e tão sem criatividade quanto este. Basta assistir a “Mangrove”, de Steve McQueen, também lançado este ano, para ver o quão fraco é.
Outro filme da linha de curiosidades históricas da Netflix, mas que parte para contar uma grande história, que nos emociona e esquecemos logo em sequência.
Tenet (d. Christopher Nolan, 2020, EUA)
Sinceramente, Nolan… nada de novo no front, um filme chato, confuso, megalomaníaco que serve mais para confundir do que qualquer coisa. Sobre o que é o filme, além de umas viagens loucas no tempo? Uma cena boa na ONU e a explosão no aeroporto até valem ser vistas, mas sinceramente…
Hillbilly Elegy (d. Ron Howard, 2020, EUA)
Muita gente estava ansiosa por esse filme no primeiro semestre e acho que só isso explica a indicação de Glenn Close num papel tão ruim quanto este. Ela traz o melhor que pode, mas não consegue salvar um filme insosso sobre valores familiares baseado nos maiores clichês possíveis, em que nem Amy Adams consegue ter uma boa interpretação.
Better Days (d. Derek Tsang, 2019, CHN)
Um filme pavoroso repleto de clichês e imagens de caráter de exploração afetiva. Filme-tese sobre bullying e sobre o sistema escolar de Hong Kong que exige tanto de estudantes que estragam seus futuros. Mas o filme foca tanto nas misérias específicas de uma personagem (que acaba virando professora, então deu certo ao fim…) que parece só usar ela de vítima heróica.
Curtas e Médias
Curtas e médias são filmes perfeitos para se assistir durante o almoço, ou quando você tem aquele tempinho. Em geral, os festivais aceitam filmes de até 25 minutos e são os prêmios nos festivais ao redor do mundo – como o brasileiro É Tudo Verdade – que serve de inscrição ao Oscar.
Talvez por conta da pandemia e o lançamento virtual da maioria sem a necessidade de compor sessões físicas, muitos filmes esse ano são bem longos, enquanto outros – em geral, os melhores! – são curtinhos. Mas quem sabe agora finalmente começa um bom mercado para médias?
The Present (d. Farah Nabulsi, 2020, PAL)
Um filme bem forte e interessante sobre os esforços do dia-a-dia de uma vida na Palestina, em especial numa cidade com fronteira imediata a um campo israelense, em que todos habitantes são constrangidos pelas mínimas coisas durante todos os dias em suas atividades regulares. Filme bem bonito, que emociona, que tem um tema poderoso, m
A Love Song for Latasha (d. Sophia Nahlie Allison, 2019, EUA)
Filme bem bonito sobre como a morte de uma menina negra por um motivo fútil incita protestos em Los Angeles e nos EUA. Esta parte é até conhecida, mas o filme foca no efeito de sua morte em sua família. A falta de imagens de arquivos parecia um grande problema, mas acaba criando uma força poderosa criativa com poder transformador.
The Letter Room (d. Elvira Lind, 2020, EUA)
Oscar Isaac protagoniza o filme como um funcionário de um presídio que se apaixona (ou se excita?) pela esposa/namorada de um prisioneiro a partir das cartas sensuais que ela envia para ele. O ritmo é muito bom, e entrega um final interessante.
Hunger Ward (d. Skye Fitzgerald, Michael Shueuerman, 2020, EUA)
Filme forte, potente sobre crianças famintas no Iêmen, país que sobre uma guerra civil há dez anos (confira um especial aqui sobre o país no Surto Olímpico). Talvez seja um pouco longo, mas todas histórias são tão incríveis, que vale a pena.
Yes-People (d. Gísli Darri Halldórsson, Arnan Gunnarssson, 2020, ISL)
Acho que o filme tinha espaço para ser excelente, mas a boa ideia que é bem trabalhada até cerca de metade do filme não sustenta tão bem até o final. Ainda assim, animação bem curiosa e fofa.
White Eye (d. Tomer Shushan, 2019, ISR)
Filme impactante em seu estilo de tomada única, mas que parece servir mais para conquistar impacto, vagas e prêmio em festivais do que exatamente colaborar em algo com a história de um israelense comum que se vê envolvido (ou se envolve até não conseguir sair…) com imigrantes eritreus.
Two Distant Strangers (d. Travon Free, Martin Desmond Roe, 2021, EUA)
Filme-tese, mas interessante, com um fim que segura bem e dá aquele golpe final impactante. Um filme perfeito para o momento atual mas que provavelmente funcionará bem no futuro.
Burrow (d. Madeline Sharafian, 2020, EUA)
Um curta bem ao estilo pixar, fofo, inteligente e divertido. Seis minutos que vale muito a pena.
Genius Loci (d. Adrien Merigeau, 2020, FRA)
Uma animação francesa bem bonita e um pouco melancólica sobre o ambiente urbano. Personagens não são muito claros, as vezes, mas o estilo do filme conquista fácil.
If Anything Happens I Love You (d. Will McCormack, Michael Govier, EUA)
O filme é bem tocante, mas acho que as vezes poderia ser mais suave em sua apresentação de um casal em luto pela morte de sua filha nas mãos de um assassino em série em sua escola.
Do Not Split (d. Anders Hammer, 2020, EUA/NOR)
Mal comparando, seria um “Democracia em Vertigem” honconguês: pela primeira vez, a maior emissora do país não transmitirá o Oscar em 50anos e a China também proibiu a transmissão do evento e pediu para que não fosse dada tanta importância ao Oscar, que é o mais justo, importante e belo prêmio do cinema – contém ironia!
O filme é um passeio de câmera ao lado na onda da vídeo-militância que tanto chacoalhou os debates audiovisuais em meados da década passada e segue os protestos de Hong Kong contra a dominação chinesa. Como um filme que já se posiciona numa luta específica pela liberdade de expressão é ótima, mas claro que o buraco é mais embaixo.
Colette (d. Anthony Giacchino, 2020, EUA)
História bem emocionante sobre uma sobrevivente do holocausto que resolve voltar para a Alemanha a convite de uma historiadora, para prestar uma homenagem a seu irmão morto pelos nazistas. Bem convencional, nada muito original, mas bonito.
A Concerto is a Conversation (d. Ben Proudfoot, Kris Bowers, 2021, EUA)
Um jovem músico negro está prestes a estrear um concerto e conversa com seu avô, que abandonou o sul do país para ir a Los Angeles e se tornar um empresário. Duas gerações, duas Eras racistas, cada uma a seu jeito, se juntam. Mas justamente, acho que faltou uma colagem mais interessante, um diálogo entre as duas trajetórias, que parecem andar em paralelo até o fim.
Opera (d. Erick Oh, 2020, CRS/EUA)
Eu até entendo o esplendor visual que o filme apresenta em tentar mostrar a vida e sociedade humana como uma grande orquestra, mas acho bem pobre cinematograficamente, com apenas uma ideia mal-trabalhada.
Feeling Through (d. Doug Roland, 2019, EUA)
Um filme bem bonito, e importante historicamente por trazer um ator cego-surdo como protagonista, alegadamente pela primeira vez num filme. Bonito, legal, mas nada muito incrível.
Finalmente, sai a lista dos melhores filmes que eu vi em 2020!
500 filmes entraram na lista abaixo, em 10 categorias: 11 minisséries, temporadas ou especiais e 18 filmes revistos (14 longas e 4 curtas). Os filmes vistos pela primeira vez entre 1 de janeiro e 31 de dezembro estão mencionados nas seis primeiras categorias divididos entre curtas e longas; entre filmes de 2020; da década passada (2010-19) e mais antigos; e duas últimas categorias fora de competição para fechar o top500. Parece muito, mas eu realmente gostei de todos, em maior (os que estão nos tops) e menor grau (as menções).
Pensei em criar categorias ou falar um pouco de cada, mas aí a lista sairia só em 2022. Qualquer coisa me escrevam!
327 longas entraram na lista: 25 lançados originalmente em 2020 (ou seja, autênticos filmes de 2020), 84 filmes da década passada (lançados entre 2010 e 2019,top30 +menções), e outros 203 longas antigos (top100+ 103 menções); 14 na lista de revisões e a minha última sessão de cinema.
162 curtas estão mencionados: 27 lançados originalmente em 2020, 56 filmes da década passada (lançados entre 2010 e 2019) e 74 curtas antigos, lançados até 2009; 4 na lista de revisões e um jabá nada discreto ao final enquanto não abro meu onlyfans.
Zachariah, faroeste hippie queer, a descoberta mais inesperada do ano
Para quem não quiser olhar tudo, segue o top25 geralzão,incluindo revisões
Compilation, 12 instants d’amour non partagé – Compilation, 12 instants d’amour non partagé – 2004 – FRA – Frank Beauvais
As Horas – The Hours – 2002 – EUA/RUN – Stephen Daldry (revisão)
Ulisses – Ulysse – 1983 – FRA – Agnès Varda
Garotos Selvagens – Les garçons sauvages – 2017 – FRA – Bertrand Mandic
Dois Homens ao Mar {Two Men by the Sea} 2020 – BRA[RS]/EST – Gabriel Motta
World of Tomorrow Episode Two: The Burden of Other People’s Thoughts – 2017 – EUA – Don Hertzfeldt
No No Sleep – Wu wu mian – 2015 – TWN/HKO Tsai Ming Liang
O Clamor da Juventude – Zachariah – 1971 – EUA – George Englund
O Nosso Amor Vai Embora – 2019 – BRA [PE] – Mariana Lacerda, Claudia Priscilla
Chá e Simpatia – Tea and Sympathy – 1956 – EUA – Vincente Minnelli
Uma Canta, a Outra Não {One Sings, the Other Doesn’t} L’une chante l’autre pas – 1977 – FRA/URS – Agnès Varda
A Outra Pátria {Home from Home: Chronicle of a Vision} Die andere Heimat – Chronik einer Sehnsucht – 2013 – ALE/FRA – Edgar Reitz
Pelos Caminhos do Inferno – Outback / Wake in Fright – 1971 – RUN/AUS/EUA – Ted Kotcheff
Days – Rizi – 2020 – TWN/FRA – Tsai Ming-Liang
Algo Para Lembrar – Nagott att Minnas – 2019 – SUE – Niki Lindroth von Bahr
Faca no Coração – Knife+Heart – Un couteau dans le coeur – 2018 – FRA – Yann Gonzalez
Window Water Baby Moving – 1959 – EUA – Stan Brakhag
Quando o Coração Floresce – Summertime – 1955 – RUN/EUA – David Lean
Feios, Sujos e Malditos {Ugly, Dirty and Bad / Down and Dirty} Brutti, sporchi e cattivi – 1976 – ITA – Ettore Scola
Um elefante sentado quieto {An Elephant Sitting Still} Da xiang xi di er zuo – 2018 – CHN – Hu Bo
Aquele Sentimento do Verão {This Summer Feeling} Ce sentiment de l’été – 2015 – FRA/ALE – Mikhaël Hers
Nadja em Paris {Nadja in Paris} Nadja à Paris – 1964 – FRA – Éric Rohmer
À Sombra do Vulcão – Under the volcano – 1984 -MEX/EUA – John Huston
O Caso dos Irmãos Naves – 1967 – BRA – Luiz Sérgio Person
Genesis – Genèse – 2019 – CAN – Philippe Lesage
I. MELHORES LONGAS de 2020 (top 25)
1- Days – Rizi – 2020 – TWN/FRA – Tsai Ming-Liang 2- Lovers Rock – 2020 – RUN – Steve McQueen 3- Meu Nome é Bagdá {My Name Is Baghdad} – 2020 – BRA [SP] – Caru Alves de Souza 4- The Woman Who Ran – Domangchin yeoja – 2020 – CRS – Hong Sang-soo 5- Sibéria – Siberia – 2020 – ITA/ALE/GRE/MEX – Abel Ferrara 6- Casa de Antiguidades {Memory House} – 2020 – BRA/FRA – João Paulo Miranda Maria 7- Passou {All of this is gone} – 2020 – BRA – Felipe André 8- Mangrove – 2020 – RUN – Steve McQueen 9- Homens Pink {Pink Men} 2020 – BRA [SP/SC] – Renato Turnes 10- Cidade-Pássaro – Shine Your Eyes – 2020 – BRA/FRA – Matias Mariani
11- American Utopia – David Byrne’s American Utopia – 2020 – EUA – Spike Lee 12- Verão de 85 {Summer of 85} Été 85 – 2020 – FRA/BEL – François Ozon 13- O Jovem Caçador {Young Hunter} El Cazador – 2020 – ARG – Marco Berger 14- Futur Drei {No Hard Feelings} Future Drei – 2020 – ALE – Faraz Shariat 15- Revelação – Disclosure: Trans Lives on Screen – 2020 – EUA – Sam Feder 16- Feels Good Man – 2020 – EUA – Arthur Jones 17- Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua {Settling the Score} Vilas: Serás lo que debas ser o no serás nada – 2020 – ARG – Matías Gueilburt 18- Vento Seco {Dry Wind} 2020 – BRA – Daniel Nolasco 19- Atleta A – Athlete A – 2020 – EUA – Bonni Cohen, Jon Shenk 20- Nossas Mães {Our Mothers} Nuestras Madres – 2020 – GUA/BEL/FRA – Cesar Diaz
5 em ordem alfabética
Cured – 2020 – EUA – Patrick Sammon, Bennett Singer David Attenborough e Nosso Planeta – David Attenborough: A Life on Our Planet – 2020 – RUN – Alastair Fothergill, Jonathan Hughes, Keith Scholey Vil, Má {Divinely Evil} 2020 – BRA – Gustavo Vinagre Drag Kids – 2020 – CAN – Megan Wennberg The Boys in the Band – 2020 – EUA – Joe Mantello
II. MELHORES CURTAS DE 2020 (top10 e 17 menções = 27)
1- Dois Homens ao Mar {Two Men by the Sea} 2020 – BRA[RS]/EST – Gabriel Motta 2- Morde & Assopra {Bite & Blow} 2020 – BRA [MG] – Stanley Albano 3- Deserto Estrangeiro – 2020 – BRA [RS] / ALE – Davi Pretto 4- Dádiva {Gift} 2020 – BRA [SP] – Evelyn Santos 5- Vai Corinthians – 2020 – BRA/ALE – Bruno Christofoletti Barrenha 6- Aos Cuidados Dela {in her care} 2020 – BRA [SP] – Marcos Yoshi 7- The World of tomorrow 3 – World of Tomorrow Episode Three: The Absent Destinations of David Prime – 2020 – EUA – Don Hertzfeldt 8- Inabitável – 2020 – BRA [PE] – Matheus Farias, Enock Carvalho 9- “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim” – 2020 – BRA – Manu Gavassi 10- República – 2020 – BRA [SP] – Grace Passô
17 filmes que também são incríveis, em ordem alfabética
Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós olham as estrelas {We Are All in the Gutter, but Some of Us Are Looking at the Stars} -2020 -BRA [SP] – Sergio Silva, João Marcos de Almeida Kini – Kini – 2020 – URU – Hernán Olivera Manaus Hot City – 2020 – BRA [AM] – Rafael Ramos Não Vai Ter Sangue {There Will be no Blood} Es wird kein Blut geben – 2020 – ALE – Paulo Menezes O Colírio do Corman me Deixou Doido Demais – 2020 – BRA [RJ] – Ivan Cardoso O vampiro de Niterói – 2020 – BRA – Renata Spitz, Mariana Ramos (minissérie curta) Os Anéis da Serpente – Los Anillos de la Serpiente – 2020 – CHL – Edison Cájas Os Heróis que Ficam em Casa – The Stay-at-Home Heroes – 2020 – BUL – Todor Nikolov Os Últimos Românticos do Mundo {The Last Romantics of the World} – 2020 – BRA [PE] – Henrique Arruda Pornô Anos 80 {80s Porn} 2020 – BRA [SP] – Mateus Capelo Primeiro Amor – Premier Amour – 2020 – FRA/GRE – Haris Raftogiannis Projeção Queer {Queer Projection} 2020 – BRA [SC] – Gabriel Turbiani Próprio {Self} 2020 – BRA/EUA – Rafael Thomaseto Público ou Privado {Public or Private} 2020 -BRA [SP] -Carolina Paris, Fernanda Souza e Rafis Martins Seu Lindo Rosto {Beautiful You} Deine schöne Gestalt – 2020 – ALE – Bernadette Kolonko Terra sem pecado {Sinless Land} Marcelo Costa – 2020 – BRA [DF] – Marcelo Costa Uma Estudante {A Student} 2020 – CRS – Mi-ji Lee
III. LONGAS LANÇADOS ENTRE 2010 E 2019 (top30 e 54 menções = 84 filmes)
1- Garotos Selvagens – Les garçons sauvages – 2017 – FRA – Bertrand Mandico 2- Visages, villages {Faces Places} Visages villages – 2017 – FRA – JR, Agnès Varda 3- A Outra Pátria {Home from Home: Chronicle of a Vision} Die andere Heimat – Chronik einer Sehnsucht – 2013 – ALE/FRA – Edgar Reitz 4- Faca no Coração – Knife+Heart – Un couteau dans le coeur – 2018 – FRA – Yann Gonzalez 5- Um elefante sentado quieto {An Elephant Sitting Still} Da xiang xi di er zuo – 2018 – CHN – Hu Bo 6- Aquele Sentimento do Verão {This Summer Feeling} Ce sentiment de l’été – 2015 – FRA/ALE – Mikhaël Hers 7- Amanda – 2018 – FRA – Mikhaël Hers 8- Genesis – Genèse – 2019 – CAN – Philippe Lesage 9- A Torre {The Tower} 2019 – BRA [MG] – Sérgio Borges 10- Won’t You Be My Neighbor? – 2018 – EUA – Morgan Neville 11- Ninguém Está Olhando {Nobody’s Watching} Nadie Nos Mira – 2017 – ARG/ESP/COL/BRA/EUA – Julia Solomonoff 12- Meninos do Oriente – Eastern Boys – 2013 – FRA – Robin Campillo 13- A vida privada dos hipopótamos {I Touched All Your Stuff} 2014 – BRA – Maíra Bühler, Matias Mariani 14- Happy Old Year – 2019 – TAI – Nawapol Thamrongrattanarit 15- Happiness… Promised Land – Le bonheur… Terre promise – 2011 – FRA – Laurent Hesse 16- Crianças Lobo {Wolf Children} Ôkami kodomo no Ame to Yuki – 2012 – JAP – Mamoru Hosoda 17- Sem Fôlego – Wonderstruck – 2017 – EUA – Todd Haynes 18- Marvin {Reinventing Marvin} Marvin ou la belle éducation – 2017 – FRA – Anne Fontaine 19- A Morte Virá e Levará Seus Olhos {Death Will Come and Shall Have Your Eyes} Vendrá la Muerte y Tendrá Tus Ojos – 2019 – CHL/ALE/ARG – José Luis Torres Leiva 20- Lingua Franca – 2019 – EUA/FIL – Isabel Sandoval 21- O Estranho Caso de Angelica – 2010 – POR/ESP/FRA/BRA – Manoel de Oliveira 22- Música e Apocalípse {Music & Apocalypse} Weitermachen Sanssouci – 2019 – ALE – Max Linz 23- Suite Armoricaine {Armorican Suite} Suite Armoricaine – 2015 – FRA – Pascale Breton 24- Again Once Again – De Nuevo Otra Vez – 2019 – ARG – Romina Paula, Rosario Cervio 25- The Look of Silence – 2014 – DIN/INO/FIN/NOR/RUN/ISR/FRA/EUA/ALE/HOL – Joshua Oppenheimer 26- Bom Comportamento – Good Time – 2017 – EUA – Benny Safdie, Josh Safdie 27- Parasita – Gisaengchung- 2019 – CRS – Bong Joon Ho 28- Até que a Loucura nos Separe {Til Madness Do Us Part} Feng ai – 2013 – JPN/FRA/HKO – Wang Bing 29- L’amour debout {Love Blooms} L’amour debout – 2018 – FRA – Michaël Dacheux 30- Memory Lane – 2010 – FRA – Mikhaël Hers
54 filmes que vi e curti (alguns até bastante):
120 Batimentos por Minuto {120 Beats Per Minute} 120 battements par minute – 2017 – FRA – Robin Campillo 2+2=22 [The Alphabet] AKA Streetscapes – Chapter 1 – 2017 – ALE – Heinz Emigholz 48 – 2010 – POR – Susana de Sousa Dias A Fotografia Oculta de Vivian Maier – Finding Vivian Maier – 2013 – EUA – John Maloof, Charlie Siskel A ilha do tesouro {Treasure Island} L’île au trésor – 2018 – FRA – Guillaume Brac Ad Astra: Rumo às Estrelas – Ad Astra – 2019 – EUA – James Gray Amor Até as Cinzas – Jiang hu er nü – 2018 – CHN/FRA/JAP – Jia Zhangke Bacurau {Nighthawk} 2019 – BRA/FRA – Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho Barreiras – Barrage – 2017 – LUX/BEL/FRA – Laura Schröder Beijos Escondidos {Hidden Kisses} Baisers cachés – 2016 – FRA – Didier Bivel Benzinho – 2018 – BRA/URU/ALE – Gustavo Pizzi Bixa Travesty {Tranny Fag} 2018 – BRA – Kiko Goifman, Claudia Priscilla Computer Chess – 2013 – EUA – Andrew Bujalski Die Mondverschwörung – 2011 – ALE/AUT/SUI – Thomas Frickel E Então Nós Dançamos – And Then We Danced – 2019 – SUE/GEO/FRA – Levan Akin Eleições {Elections} 2019 – BRA – Alice Riff Em Ritmo de Fuga – Baby Driver – 2017 – RUN/EUA – Edgar Wright Garota Sombria Caminha pela Noite – A Girl Walks Home Alone at Night – 2014 – EUA – Ana Lily Amirpour Gretchen Filme Estrada {Gretchen Road Movie} 2010 – BRA – Eliane Brum, Paschoal Samora Hermia & Helena – 2016 – ARG/EUA – Matías Piñeiro História de um Casamento – Marriage Story – 2019 – RUN/EUA – Noah Baumbach Honeyland – 2019 – MDN – Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov Inferninho {My Own Private Hell} 2018 – BRA – Pedro Diogenes, Guto Parente Jauja – 2014 – ARG/DIN/FRA/MEX/EUA/ALE/BRA/HOL – Lisandro Alonso Kingsman: Serviço Secreto – Kingsman: The Secret Service – 2014 – RUN/EUA – Matthew Vaugh Looking: O Filme – Looking: The Movie – Looking – 2016 – EUA – Andrew Haigh Manta Ray – Kraben – 2018 – TAI/FRA/CHN – Phuttiphong Aroonpheng Martha Marcy May Marlene – 2011 – EUA – Sean Durkin Minha Amiga Victoria {My Friend Victoria} Mon amie Victoria – 2014 – FRA/BEL – Jean-Paul Civeryrac Minha Vida de Abobrinha – Ma vie de courgette – 2016 – SUI/FRA – Claude Barras O Círculo Cromático – The Color Wheel – 2011 – EUA – Alex Ross Perry O Encontro – Time Out of Mind – 2014 – EUA – Oren Moverman O Irlandês – The Irishman – I Heard You Paint Houses – 2019 – EUA – Martin Scorsese O Professor Substituto {School’s Out} L’heure de la sortie – 2018 – FRA – Sébastien Marnier O Reino de Deus – God’s Own Country – 2017 – RUN – Francis Lee O Sexo dos Anjos – El sexo de los ángeles – 2012 – ESP/BRA – Xavier Villaverde Os Fortes {The Strong Ones} Los Fuertes – 2019 – CHL – Omar Zúñiga Hidalgo Passageiros da Vida – Land Ho! – 2014 – ISL/EUA – Aaron Katz, Martha Stephens Pássaros de Verão {Birds of Passage} Pájaros de verano – 2018 – COL/DIN/MEX/ALE/SUI/FRA – Cristina Gallego, Ciro Guerra Pendular {Pendule} 2017 BRA/ARG/FRA/ALE Júlia Murat Ratos de Praia – Beach Rats – 2017 – EUA – Eliza Hittman Reindeerspotting – Escape from Santaland – Reindeerspotting – pako Joulumaasta – 2010 – FIN – Joonas Neuvonen Rocketman – 2019 – RUN/CAN/EUA – Dexter Fletcher Selvagem {Wild} Sauvage – 2018 – FRA – Camille Vidal-Naquet Shirley: Visões da Realidade – Shirley: Visions of Reality – 2013 – AUT – Gustav Deutsch Sieranevada – 2016 – ROM – Cristi Puiu Suk Suk {Twilight’s Kiss} 2019 – HKO – Ray Yeung Swallow – 2019 – EUA/FRA – Carlo Mirabella-Davis Toy Story 4 – 2019 – EUA – Josh Cooley Turma da Mônica: Laços – 2019 – BRA – Daniel Rezende Um Lindo Dia na Vizinhança – A Beautiful Day in the Neighborhood – 2019 – EUA/CHN – Marielle Heller Uma Longa Viagem – 2011 – BRA – Lúcia Murat Vitalina Varela {As filhas do Fogo} 2019 – POR – Pedro Costa Vizinhos – Neighbors – 2014 – EUA – Nicholas Stoller
IV. CURTAS e MÉDIAS LANÇADOS ENTRE 2010 E 2019 (top 20 + 36 menções)
1- (emp) World of Tomorrow Episode Two: The Burden of Other People’s Thoughts – 2017 – EUA – Don Hertzfeldt 1- (emp) No No Sleep – Wu wu mian – 2015 – TWN/HKO Tsai Ming Liang 3- O Nosso Amor Vai Embora – 2019 – BRA [PE] – Mariana Lacerda, Claudia Priscilla 4- Algo Para Lembrar – Nagott att Minnas – 2019 – SUE – Niki Lindroth von Bahr 5- Extratos – Extratos – 2019 – BRA [SP] – Sinai Sganzerla 6- Cão Maior – 2019 – BRA [DF] – Filipe Alves 7- Estações Instáveis – Saisons Instables – 2019 – FRA – Florian Goralsky 8- Portugal Pequeno – 2019 – BRA [RJ] – Victor Quintanilha Moura Dias 9- Angela – 2019 – BRA – Marília Nogueira [curta] 10- Como Preparar Gimbap – How to Make Gimbap – 2019 – ALE – Ji Su Kang-Gatto 11- Sábado não é dia de Ir Embora {Saturday} – 2019 – BRA [RJ] – Luísa Giesteira 12- Como Preparar Subak Hwachae – How to Make Subak Hwachae – 2019 – ALE – Ji Su Kang-Gatto 13- Entre Nós e o Mundo – 2019 – BRA – Fábio Rodrigo 14- Dia Negro – Journée Noire – 2019 – SEN – Yoro Mbaye 15- Uma volta por Ouaga – Ça Tourne à Ouaga – 2017 – BKF – Irene Tassembedo 16- O Amante de Manila – The Manila Lover – 2019 – NOR/FIL – Johanna Pyykkö 17- Karaokê – Karaoke – 2019 – ARG -Axel Rezinovsky 18- Boa Noite – Da Yie – 2019 – BEL/GAN – Anthony Nti 19- Unsound (sem som) – Unsound – 2019 – EUA – Vivian Ostrovsky 20- Desconexo {Offline – 2019 – BRA [SP] – Lui Avallos
outros curtas e médias que vale a pena conferir
“I Don’t Know Which Tree it Comes from that” – 2017 – EUA – Jonas Mekas A Vida Continua – Life Goes On – 2019 – NOR – Henry K. Norvalls Água {Water} Vattnet – 2012 – HOL – Marco van Bergen Boygame – 2013 – SUE – Anna Nolskog Campo de Marte {Carton Titre: Champ de Mars} Champ de Mars – 2019 – SUI – Rokhaya Marieme Balde Cinema Contemporâneo – 2019 – BRA [PE] – Felipe André Silva Como Preparar Yachaejuk – How to Cook Yachaejuk – 2019 – ALE – Ji Su Kang-Gatto El inicio – The Beginning – El inicio – 2010 – ARG – Luis María Mercado End of Summer – 2014 – DIN/ISL/ANT – Jóhann Jóhannsson Escapade – 2014 – HOL – Gijs Blom Febre Austral – Fiebre Austral – 2019 – CHL – Thomas Woodroffe Foto Documento – 2016 – ARG – Antonella Defranza Formas Concretas de Resistência – Concrete Forms of Resistance – 2019 RUN/LBN – Nick Jordan Ghost Strata – 2019 – RUN – Ben Rivers Hans – Hann – 2018 – ISL – Runar Þór Sigurbjörnsson Ilhas de Calor {Island of Heat} 2019 – BRA [AL] – Priscila Nascimento In Memorian – O Roteiro do Gravador {In Memorian – The Script of a Recorder} 2019 BRA [RJ] Sylvio Lanna Jag är Polisen – 2014 – HOL – Marco van Bergen La pelicula infinita {The Endless Film} La pelicula infinita – 2018 – ARG – Leandro Listorti Lamúria {Lament} Lamúria – 2011 – BRA [PB] – Nathan Cerino Mãtãnãg, a Encantada {Mãtãnãg, The Enchanted One} 2019 – BRA [MG] – Shawara Maxakali, Charles Bicalho Migrante {Migrant} Migrante – 2019 – ARG – Esteban Ezequiel Dalinger, Cesar Daniel Iezzi Noctiluca – 2014 – URU – Juan Carve North Korea Series – 2018 – Indigo Traveller (minissérie curta) O Portão de Ceuta {Ceuta’s Gate} Bab Sebta – 2019 – FRA/MAR – Randa Maroufi Porta dos Fundos – Especial de Natal: Se Beber, Não Ceie – 2018 – BRA – Rodrigo Van Der Put Reel – 2013 – SUE – Jens Choong Tea for Two – 2019 – BRA – Julia Katharine Trêmulo – Tremulous – Trémulo – 2015 – MEX – Roberto Fiesco Um Conto do Nada: Circo – 2019 – BRA [SP] – DanSP, Heitor Lyra Venus – 2019 -BRA [MG] – Pedro Estrada Violin – Violine – 2012 – ALE – Roman Ilyushenko Walker – [行者] – 2012 – HKO – Tsai Ming Liang We Are Animals – 2013 – EUA – Dominic Haxton We Remember Moments – 2015 – NOR/ISL – Iver Jensen Zombies – 2018 – BEL/RDC – Baloji
V. MELHORES LONGAS LANÇADOS ATÉ 2009 (top100 + 103 menções)
1- Um Filme Para Nick – Nick’s Film – Lightning Over Water Lightning Over Water – 1980 – SUE/RFA – Nicholas Ray, Wim Wenders 2- Daguerreótipos – Daguerreotypes – 1975 – FRA/RFA – Agnès Varda 3- O Clamor da Juventude – Zachariah – 1971 – EUA – George Englund 4- Chá e Simpatia – Tea and Sympathy – 1956 – EUA – Vincente Minnelli 5- Uma Canta, a Outra Não {One Sings, the Other Doesn’t} L’une chante l’autre pas – 1977 – FRA/URS – Agnès Varda 6- Pelos Caminhos do Inferno – Outback / Wake in Fright – 1971 – RUN/AUS/EUA – Ted Kotcheff 7- Quando o Coração Floresce – Summertime – 1955 – RUN/EUA – David Lean 8- Feios, Sujos e Malditos {Ugly, Dirty and Bad / Down and Dirty} Brutti, sporchi e cattivi – 1976 – ITA – Ettore Scola 9- À Sombra do Vulcão – Under the volcano – 1984 -MEX/EUA – John Huston 10- O Caso dos Irmãos Naves – 1967 – BRA – Luiz Sérgio Person
11-Cria Corvos – Cría Cuervos… – 1976 – ESP – Carlos Saura 12- Amor ao Mar {Love at Sea } L’amour à la mer – 1964 – FRA – Guy Gilles 13- O Segundo Rosto – Seconds – 1966 – EUA – John Frankenheimer 14- Iran is my Land – Iran Saraye Man Ast – 1999 – IRA – Parviz Kimiavi 15- Deus Sabe Quanto Amei – Some Came Running – 1958 – EUA – Vincente Minnelli 16- Une aussi longue absence – 1961 – FRA/ITA – Henri Colpi 17- Les amis {The Friends} 1971 – FRA – Gérard Blain 18- No Sul do Pacífico – South Pacific – 1958 – EUA – Joshua Logan 19- Bunny Lake desapareceu – Bunny Lake Is Missing – 1965 – RUN – Otto Preminger 20- Habeas Corpus – 1986 – ARG – Jorge Acha
21- Paixão Selvagem – Canyon Passage – 1946 – EUA – Jacques Tourneur 22- O Testamento de Orfeu {Testament of Orpheus} Le testament d’Orphée ou ne me demandez pas pourquoi – 1960 – FRA – Jean Cocteau 23- O Esporte Favorito dos Homens – Man’s Favorite Sport? – 1964 – EUA – Howard Hawks 24- De Punhos Cerrados {Fists in the Pocket} I pugni in tasca – 1965 – ITA – Marco Bellocchio 25- A Estranha Passageira – Now, Voyager – 1942 – EUA – Irving Rapper 26- Diabólicos Sedutores – Something for Everyone – 1970 – EUA – Harold Prince 27- Um Garoto na Multidão {A Child in the Crowd} Un enfant dans la foule – 1976 – FRA – Gérard Blain 28- Alucinações do Passado – Jacob’s Ladder – 1990 – EUA – Adrian Lyne 29- Braço de Diamante {Diamond Arm} Brilliantovaya ruka – 1969 – URS – Leonid Gaidai 30- Jornada Fabulosa – It Couldn’t Happen Here – 1987 – RUN – Jack Bond
31- Body Without Soul – Telo bez duse – 1995 – RTC – Wiktor Grodecki 32- Obsessão Sinistra – The Best of Friends / What’s the Matter with Helen? – 1971 – EUA – Curtis Harrington 33- Procura Insaciável – Taking Off – 1971 – EUA – Milos Forman 34- Kung-Fu Master! {Little Love} 1988 – FRA – Agnès Varda 35- Aus einem deutschen Leben {Death Is My Trade} 1978 – RFA – Theodor Kotulla 36- Oz – Oz: A Rock n Roll Road Movie – 1976 – AUS – Chris Löfvén 37- Gallivant – 1996 – RUN – Andrew Kotting 38- Romance – 1999 – FRA – Catherine Breillat 39- Cães Raivosos {Kidnapped} Cani arrabbiati – 1998 [1974] – ITA – Mario Bava 40- Family Way – The Family Way – 1966 – RUN – John Boulting, Roy Boulting
41- O Abominável Dr. Phibes – The Abominable Dr. Phibes – 1971 – RUN – Robert Fuest 42- A Aldeia dos Amaldiçoados – Village of the Damned – 1960 – RUN – Wolf Rilla 43- Disco Limbo – 2016 – ARG – Fredo Landaveri, Mariano Toledo 44- Saindo – Coming Out – 1989 – RDA – Heiner Carow 45- Rebelião {Samurai Rebellion} Jôi-uchi: Hairyô tsuma shimatsu – 1967 – JAP – Masaki Kobayashi 46- 2:37 – É Só uma Questão de Tempo – 2:37 – 2006 – AUS – Murali K. Thalluri 47- O Vale dos Perdidos {The Valley (Obscured by Clouds)} La vallée – 1972 – FRA – Barbet Schroeder 48- A Bigger Splash – 1973 – RUN – Jack Hazan 49- A Ratoeira {The Rat-Trap} Elippathayam – 1982 – IND – Adoor Gopalakrishnan 50- Sangue de Um Poeta {The Blood of a Poet} Le sang d’un poète – 1930 – FRA – Jean Cocteau
51- Fúria Sanguinária – White Heat – 1949 – EUA – Raoul Walsh 52- Luz del Fuego – 1982 – BRA – David Neves 53- Unguided Tour {Letter from Venice} Giro turistico senza guida – 1984 – ITA – Susan Sontag 54- Tie Xi Qu: West of the Tracks – Tiexi qu – 2002 – CHN/HOL – Wang Bing 55- Atlantic City – Atlantic City, USA – 1980 – FRA/CAN – Louis Malle 56- Angèle – 1934 FRA Marcel Pagnol 57- O Fantasma do Paraíso – Phantom of the Paradise – 1974 – EUA – Brian De Palma 58- Lianna, Um Amor Diferente – Lianna – 1983 – EUA – John Sayles 59- Noite e Dia {Night and Day} Nuit et jour – 1991 – BEL/FRA/SUI – Chantal Akerman 60- Nostalgia for Countryland – Thuong nho dong quê – 1995 – VIE – Dang Nhat Minh
61- Themroc – Regresso às Cavernas [pt] – Themroc – 1973 – FRA – Claude Faraldo 62- Uma Mulher Descasada – An Unmarried Woman – 1978 – EUA – Paul Mazursky 63- A Broad Bellflower – Torajikkot – 1987 – CRN – Eun-hie Choi, Kyun Soon Jo, Sang-ok Shin 64- Ascensor para o Cadafalso {Elevator to the Gallows} Ascenseur pour l’échafaud – 1958 – FRA – Louis Malle 65- O Túmulo Vazio – The Body Snatcher – 1945 – EUA – Robert Wise 66- The Emperor’s Naked Army Marches On – Yuki yukite, shingun – 1987 – JAP – Kazuo Hara 67- Aqueles Dois – 1985 – BRA [RS] – Sergio Amon 68- The Leather Boys – 1964 – RUN – Sidney J. Furie 69- Toda uma Noite {A Whole Night / All Night Long} Toute une nuit- 1982 – BEL/FRA/HOL/CAN – Chantal Akerman 70- Wanda – 1970 – EUA – Barbara Loden
71- Meia-Noite – Midnight – 1939 – EUA – Mitchell Leisen 72- The Last Real Men – Die letzten Männer – 1994 – AUT – Ulrich Seidl 73- Amor Estranho Amor Love {Strange Love} 1982 – BRA – Walter Hugo Khouri 74- And Next Year at Lake Balaton – Und nächstes Jahr am Balaton – 1980 – RDA – Herrmann Zschoche 75- Juvenile Court – 1973 – EUA – Frederick Wiseman 76- O Ano que Vivemos em Perigo – The Year of Living Dangerously – 1982 – AUS/EUA – Peter Weir 77- La Danse {La Danse: The Paris Ballet Opera} La danse: Le ballet de l’Opéra de Paris – 2009 – FRA/EUA – Frederick Wiseman 78- O Parque Macabro – Carnival of Soul – 1962 – EUA – Herk Harvey 79- Demons – Filhos das Trevas – Dèmoni – 1985 – ITA – Lamberto Bava 80- The Days When I Do Not Exist – Les jours où je n’existe pas – 2002 – FRA – Jean-Charles Fitoussi
81- Por Quem os Sinos Dobram – For Whom the Bell Tolls – 1943 – EUA – Sam Wood 82- Perfect Blue – Pâfekuto burû – 1997 – JAP – Satoshi Kon 83- Meninos de Rua – Children Underground – 2001 – EUA – Edet Belzberg 84- Martin – 1977 – EUA – George A. Romero 85- Salão Kitty – Salon Kitty – 1976 – ITA/FRA/RFA – Tinto Brass 86- Na Cova da Serpente – The Snake Pit – 1948 – EUA – Anatole Litvak 87- A Floresta Petrificada – The Petrified Forest – 1936 – EUA – Archie Mayo 88- Com a Maldade na Alma – Hush…Hush, Sweet Charlotte – 1964 – EUA – Robert Aldrich 89- Adam 2 – Adam 2 – 1968 – RFA – Jan Lenica 90- A Tartaruga Vermelha – La tortue rouge – 2006 – FRA – Michael Dudok de Wit
91- Devagar, Não Corra – Walk Don’t Run – 1966 – EUA – Charles Walters 92- A Lenda da Flauta Mágica – The Pied Piper – 1972 – RUN/RFA/EUA – Jacques Demy 93- Onde o Mundo Acaba – Calabuch – 1956 – ESP/ITA – Luis García Berlanga 94- Meu Último Tango – My Last Tango – Mi último tango – 1960 – ESP – Luis César Amadori 95- Dog Star Man – 1964 – EUA – Stan Brakhage 96- Menino de engenho – 1965 – BRA – Walter Lima Jr. 97- Ela, a Chinesa – She, a Chinese – 2009 – RUN/FRA/ALE/CHN – Xiaolu Guo 98- Baxter, Vera Baxter – Les plages de l’Atlantique – Baxter, Vera Baxter – 1977 – FRA – Marguerite Duras 99- Um Som Diferente – Pump Up the Volume – 1990 – CAN/EUA – Allan Moyle 100- Gumnaam {The Unknown} 1965 – IND – Raja Nawathe
103 outros filmes que mesmo em menor grau, recomendo:
A Busca do Lucro e o Sussurro do Vento – Profit Motive and the Whispering Wind – 2007 – EUA – John Gianvito A Confissão {The Confession} L’aveu – 1970 – FRA/ITA – Costa-Gavras A Flor do Havaí {Flower of Hawaii} Die Blume von Hawaii – 1933 – ALE – Richard Oswald A Intrusa {The Intruder / La intrusa} 1979 – BRA – Carlos Hugo Christensen A Mulher do Século – Auntie Mame – 1958 – EUA – Morton DaCosta A Ópera dos Três Vinténs {The 3 Penny Opera} Die 3 Groschen-Oper – 1931 – ALE – Georg Wilhelm Pabst A Primeira Noite de Tranqüilidade {Indian Summer / The Professor} La prima notte di quiete – 1972 – ITA/FRA – Valerio Zurlini A Raposa do Rabo de Veludo – El ojo del huracan – 1971 – ESP/ITA – José Maria Forqué A Rustling of Leaves: Inside the Philippine Revolution – 1988 – CAN – Nettie Wild A Travessia {The Crossing} Paar – 1984 – IND – Goutam Ghose A Um Passo do Abismo – Over the Edge – 1979 – EUA – Jonathan Kaplan Além das Nuvens – The way to the Stars – 1945 – RUN – Anthony Asquith América – O Sonho de Chegar – Lamerica 1994 ITA/FRA/SUI/AUT – Gianni Amelio Amigo/Amado {Beloved/Friend} Amic/Amat – 1999 – ESP – Ventura Pons Aparte {On the Margins} Aparte – 2002 – URU – Mario Handler As 7 Máscaras da Morte / As Sete Máscaras da Morte – Theater of Blood – 1973 – RUN – Douglas Hickox Atriz Milenar {Millenium Actress} Sennen joyû – 2001 – JAP – Satoshi Kon Baruch – This Ancient Law {This Ancient Law} Das alte Gesetz – 1923 – ALE – Ewald André Dupont Batismo de Fogo {Feuertaufe. Der Film vom Einsatz unserer Luftwaffe in Polen} Feuertaufe – 1940 – ALE – Hans Bertram Boys {The Boys} Pojat – 1962 – FIN – Mikko Niskanen Central Bazaar – 1976 – RUN – Stephen Dwoskin Crepúsculo do Caos – The Last of England – 1987 – RUN/RFA – Derek Jarman Crônica de Anna Magdalena Bach {The Chronicle of Anna Magdalena Bach} Chronik der Anna Magdalena Bach – 1968 – RFA/ITA – Danièle Huillet, Jean-Marie Straub Descrição de uma ilha {Description of an Island} Beschreibung einer Insel – 1979 – RFA – Cynthia Beatt, Rudolf Thome Dize-me que Me Amas, Junie Moon – Tell Me That You Love Me, Junie Moon – 1970 – EUA – Otto Preminger Dois Monjes {Two Monks} Dos monjes – 1934 – MEX – Juan Bustillo Oro Espelho de Maya Deren – Im Spiegel der Maya Deren – 2001 – AUT/RTC/SUI/ALE – Martina Kudlácek Eu Sou Curiosa – Amarelo – Jag är nyfiken – en film i gult -1967 – SUE – Vilgot Sjöman For Those Who Will Follow – Pour la suite du monde – 1963 – CAN – Michel Brault, Pierre Perrault Gaiola da Morte – 1992 – BRA – Waldir Kopesky Garotinho Bobo – Garçon stupide – 2004 – SUI/FRA – Lionel Baier Gay USA – 1977 – EUA – Arthur J. Bressan Jr. Hanussen, o Profeta – Hanussen – 1988 – HUN/RFA/AUT – István Szabó Hausu – 1977 – JAP – Nobuhiko Ôbayashi Home – 2008 – Ursula Meier Ilha dos Cisnes {Island of Swans} Insel der Schwäne – 1983 – RDA – Herrmann Zschoche Inferno {Dante’s Inferno} L’Inferno – 1911 – ITA – Francesco Bertolini, Adolfo Padovan, Giuseppe de Liguoro Jaula Amorosa {Joy Houe} Les félins – 1964 – FRA – René Clément Jean Cocteau Autorretrato de Um Desconhecido {Jean Cocteau: Autobiography of an Unknown} Jean Cocteau: Autoportrait d’un inconnu – 1983 – FRA – Edgardo Cozarinsky La Visa Loca – Pasyon USA – 2005 – FIL – Mark Meily Les trottoirs de saturne – Las veredas de Saturno – 1986 – FRA/ARG – Hugo Santiago Luster {Muse} 2002 – EUA -Everett Lewis Mad Hot Ballroom – 2005 – EUA – Marilyn Agrelo Made in Britain – Tales Out of School: Made in Britain – Made in Britain – 1980 – RUN – Alan Clarke Milagre de Anne Sullivan – The Miracle Worker – 1962 – EUA – Arthur Penn Mimi, o Metalúrgico {The Seduction of Mimi} Mimì metallurgico ferito nell’onore – 1972 – ITA – Lina Wertmüller Minha Namorada – 1970 – BRA – Armando Costa, Zelito Viana Mondo Weirdo {Virgin on the Edge} Jungfrau am Abgrund – 1990 – AUT/RFA – Carl Andersen Mozart in Love – 1975 – EUA – Mark Rappaport Mulheres Fáceis {Good Time Girls} Les bonnes femmes – 1960 – FRA/ITA – Claude Chabrol No Limiar da Liberdade – Figures in a Landscape – 1970 – EUA – Joseph Losey Noite Macabra – Phantasm – 1979 – EUA – Don Coscarelli Nuvens Passageiras {Drifting Clouds} Kauas pilvet karkaavat – 1996 – FIN/ALE/FRA – Aki Kaurismäki O Clube dos Corações Partidos – The Broken Hearts Club: A Romantic Comedy – 2000 – EUA – Greg Berlanti O Estado das Coisas – Der Stand der Dinge – 1982 – RFAHOL/RUN/RFA/FRA/ESP/POR/EUA – Wim Wenders O Farol {The Lighthouse} Mayak – 2006 – RUS/ARM -Mariya Saakyan O General do Diabo {The Devil’s General} Des Teufels General 1955 – RFA – Helmut Käutner O Gosto do Chá – Cha no aji – 2004 – JAP – Katsuhito Ishii O Homem Ferido {The Wounded Man} L’homme blessé – 1983 – FRA – Patrice Chéreau O Homem Que Deixou Seu Testamento No Filme {The Man Who Left His Will on Film} Tôkyô sensô sengo hiwa – 1970 – JAP – Nagisa Ôshima O Matador de Ovelhas – Killer of Sheep – 1978 – FRA – Charles Burnett O Médico e o monstro – Dr. Jekyll and Mr. Hyde – 1920 – EUA – John S. Robertson O Retrato de Dorian Gray {Dorian Gray} Das Bildnis des Dorian Gray – 1970 – RUN/ITA/RFA – Massimo Dallamano Olivia {The Pit of Loneliness} Olivia – 1951 – FRA – Jacqueline Audry Oriana – 1985 – VEN/FRA – Fina Torres Os Assassinos da Rua Morgue [Os Assassinatos da Rua Morgue] Murders in the Rue Morgue – 1932 – EUA – Robert Florey Os Cavalos de Fogo {Shadows of Forgotten Ancestors} Tini zabutykh predkiv – 1965 – URS – Sergei Parajanov Pão, Amor e Fantasia – Pane, amore e fantasia – 1953 – ITA – Luigi Comencini Party Girl – 1995 – EUA – Daisy von Scherler Mayer Pelos Bairros do Vício – Walk on the Wild Side – 1962 – EUA – Edward Dmytryk Possuída – Ginger Snaps – 2000 – CAN – John Fawcett Primose Hill – 2007 – FRA – Mikhaël Hers Pulse – Kairo – 2001 – JAP – Kiyoshi Kurosawa Quando Canta o Coração – Two weeks with Love -1950 – EUA – Roy Rowland Rainbow Island – 1944 – EUA – Ralph Murphy Recomeça a Vida {To New Shores / Life Begins Anew} Zu neuen Ufern – 1937 – ALE – Douglas Sirk Relection of Evil – 2002 – EUA – Damon Packard Repo Man: A Onda Punk – Repo Man – 1984 – EUA – Alex Cox Revanche – 2008 – AUT – Götz Spielmann Scaramouche – 1952 – EUA – George Sidney Scum – 1979 – RUN – Alan Clarke Searching for the Wrong-Eyed Jesus -2003 – EUA – Andrew Douglas Set Me Free – Emporte-moi – 1999 – CAN/SUI/FRA – Léa Pool Teenage Angst {Spieltieb} Teenage Angst – 2008 – RUN – Thomas Stuber Tenebre – 1982 – ITA – Dario Argento Tensão Sexual 2 {Sexual Tension: Volatile} Tensión sexual, Volumen 1: Volátil – ARG/EUA/FRA – Marco Berger, Marcelo Briem Stamm Tequila – 1992 – MEX – Rubén Gámez Tetsuo: O Homem de Ferro – Tetsuo – 1989 – JAP – Shin’ya Tsukamoto The Play – Oyun – 2005 – TUR – Pelin Esmer Tokyo Sweetheart – Tôkyô no koibito – 1952 – JAP – Yasuki Chiba Tom Dowd & the Language of Music – Tom Dowd & the Language of Music – 2003 – EUA – Mark Moormann Tonite Let’s All Make Love in London [London, Frühjahr 67] – Tonite Let’s All Make Love in London – 1967 – RUN – Peter Whitehead Tudo Começou em Paris – Summer Holiday – 1963 – RUN – Peter Yates Turumba – 1981 – FIL – Kidlat Tahimik Um Domingo em Nova York – Sunday in New York – 1963 – EUA – Peter Tewksbury Uma Página de Loucura – Kurutta ippêji – 1926 – JAP – Teinosuke Kinugasa Vagon Fumador {Smokers Only} Vagón fumador – 2001 – ARG – Verónica Chen Vamos Sonhar {Let’s Make a Dream} Faisons un rêve… – 1936 – FRA – Sacha Guitry Vendaval em Jamaica – A High Wind in Jamaica – 1965 – RUN – Alexander Mackendrick Via Láctea [O Estranho Caminho de São Tiago] {The Milky Way} La voie lactée – 1969 – FRA/ITA – Luis Buñuel Vincent – Vincent: The Life and Death of Vincent Van Gogh – 1987 – AUS/BEL – Paul Cox Vingança Diabólica – Murders in the Zoo – 1933 – EUA – A. Edward Sutherland Waldheim: A Commission of Inquiry – Waldheim: A Commission of Inquiry – 1988 – RUN – Jack Saltman
VI. CURTAS E MEDIAS LANÇADOS ATÉ 2009 (74 filmes)
1- Compilation, 12 instants d’amour non partagé – Compilation, 12 instants d’amour non partagé – 2004 – FRA – Frank Beauvais 2- Ulisses – Ulysse – 1983 – FRA – Agnès Varda 3- Window Water Baby Moving – 1959 – EUA – Stan Brakhage 4- Nadja em Paris {Nadja in Paris} Nadja à Paris – 1964 – FRA – Éric Rohmer 5- Baby Shark – Bébé requin – 2005 – FRA – Pascal-Alex Vincent 6- Je flotterai sans envie – 2008 – FRA – Frank Beauvais 7- Tio Yanco {Uncle Yanco} Oncle Yanco – 1967 – FRA/EUA – Agnès Varda 8- Girl Power – 1992 – EUA – Sadie Benning 9- La Question ordinaire – La Question ordinaire – 1969 – FRA – Claude Miller 10- Quest – 1984 – EUA – Elaine Bass, Saul Bass 11- Lin e Katazan – 1982 – BRA – Edgard Navarro 12- I’ll be Watching You – 2007 – EUA – Kenneth Angger 13- Kustom Kar Kommandos – 1965 – EUA – Kenneth Anger 14- Last Spring – 1954 – FRA/EUA – François Reichenbach 15- Dog Star Man: Parte 1 – Dog Star Man: Part I – 1962 – EUA – Stan Brakhage 16- The Life and Death of 9413: a Hollywood Extra – 1928 – EUA – Robert Florey, Slavko Vorkapich 17- O Aniversário de Bobby – Bob’s Birthday – 1994 – CAN/RUN – Alison Snowden, David Fine 18- Houston, Texas – 1956 – FRA – François Reichenbach 19- Ecstasis – 1969 – JAP – Toshio Matsumoto 20- Phantom – 1975 – JAP – Toshio Matsumoto 21- Rabbit’s Moon – 1971 – EUA – Kenneth Anger 22- Les Marines – 1957 – FRA – François Reichenbach 23- Menilmontant – Ménilmontant – 1926 – FRA – Dimitri Kirsanoff 24- Everything visible is empty – Shiki, soku ze ku: Seijo – 1975 – JAP – Toshio Matsumoto 25- Fim {End} Verj [Конец] – 1992 – ARM – Artavazd Peleshian 26- Puce Moment – 1949 – EUA – Kenneth Anger 27- Celles qui s’en font – 1929 – FRA – Germaine Dulac 28- The Collector – Koleksiyoncu: The Collector – 2002 – TUR – Pelin Esmer 29- Vida de Cachorro – A Dog’s Life – 1918 – EUA – Charles Chaplin 30- It Wasn’t Love – 1992 – EUA – Sadie Benning
+44 filmes
A Aventura Perdida de Scrat – Gone Nutty – 2002 – BRA – Carlos Saldanha A Fórmula Mágica – The Worm Turns – 1937 – EUA – Ben Sharpsteen A Place Called Lovely – 1991 – EUA – Sadie Benning Aimless walking -Bezucelná procházka – 1930 – TCH – Alexander Hammid Bassae – Βάσσες – 1964 – FRA – Jean-Daniel Pollet Black Panthers – 1968 – FRA – Agnès Varda By the Kiss – 2006 – FRA – Yann Gonzalez Charell – 2006 – FRA – Mikhaël Hers Chromophobia – 1966 – BEL – Raoul Servais Connection – 1981- JAP – Toshio Matsumoto Dog Star Man: Parte 3 – Dog Star Man: Part III – 1964 – EUA – Stan Brakhage Dog Star Man: Parte 4 – Dog Star Man: Part IV – 1964 – EUA – Stan Brakhage Dog Star Man: Prelúdio – Prelude: Dog Star Man – 1962 – EUA – Stan Brakhage Dorf and the First Games of Mount Olympus – 1988 – RUN – Lang Elliott Eclipse – 1984 – BRA – Antônio Moreno Einsvierzig {One Fourty} 1980 – AUT – Ulrich Seidl Engenheiros Desastrados / O Barco do Mickey – Boat Builders – 1938 – EUA – Ben Sharpsteen Estou com fome, estou com frio {I’m Hungry, I’m Cold} J’ai faim, j’ai froid – 1984 – FRA – Chantal Akerman Exposed – 1978 – BRA – Edgar Navarro For My Crushed Right Eye – Tsuburekakatta migime no tame ni – 1969 – JAP – Toshio.Matsumoto Goldframe – 1970 – BEL – Raoul Servais Há um Zumbido há um mosquito são dois – 2007 – ANG – Ery Claver If Every Girl Had a Diary – 1990 – EUA – Sadie Benning James – 2008 – RUN – Connor Clements Jollies – 1990 – EUA – Sadie Benning Me and Rubyfruit – 1990 – EUA – Sadie Benning Mona Lisa – 1973 – JAP – Toshio Matsumoto Nós {We} Menk – 1969 – URS/ARM – Artavazd Peleshian Nus Masculinos – Nus Masculins – 1954 – FRA – François Reichenbach O homem com a mala {The Man with the Suitcase} L’Homme à la valise – 1984 – FRA – Chantal Akerman O Julgamento de Pluto – Pluto’s Judgment Day – 1935 – EUA – David Hand O Sofá Vermelho – Le canapé rouge – 2005 – FRA – Éric Rohmer, Marie Rivière Pegasus – 1974 – BEL – Raoul Servais Plastic Bag – 2009 – EUA – Ramin BahranI Record 957 – Disque 957 – 1928 – FRA – Germaine Dulac Resposta das Mulheres: Nosso Corpo, Nosso Sexo {Women Reply} Réponse de femmes: Notre corps, notre sexe – 1975 – FRA – Agnès Varda Streets of Crocodiles – 1986 – RUN – Stephen Quay, Timothy Quay Tale of Tales – Skazka skazok – 1979 – URS – Yuri Norstein The Sinking of the Lousitana – The Sinking of the “Lusitania” – 1918 – EUA – Winsor McCay The Storm-Tamer {The Tempest: Poem on the Sea} Le Tempestaire – 1947 – FRA – Jean Epstein Time for Love – 1994 – EUA? – Carlos Saldanha To Speak or not to speak – 1972 – BEL – Raoul Servais Twice a Man – 1964 – EUA – Gregory J. Markopoulos Washington Square Sunday – 1978 – EUA/BRA – Jorge O’Mourão
VII. Minisséries, temporadas, especiais (11)
1- Heimat {Heimat: A Chronicle of Germany} Heimat – Eine Chronik in elf Teilen – 1984 – RFA – Edgar Reitz 2- Fun to Imagine with Richard Feynman – 1983 – RUN – Christopher Sykes 3- Paranoia Agent – Môsô dairinin – 2004 – JAP – Satoshi Kon, Takuji Endo, Hiroshi Hamazaki, Takayuki Hirao, Nanako Shimazaki, Kôjirô Tsuruoka 4- Years and Years – 2019 – RUN- Simon Cellan Jones, Lisa Mulcahy, Russell T Davies 5- The Circle Brasil – 1ª Temporada – The Circle: Brazil – 2020 – BRA/RUN 6- Greece: The Hidden War – 1986 – RUN – Jane Gabril 7- Big Brother Brasil 20 – 2020 – BRA 8- A Fazenda 12 – 2020 – BRA 9 – O Gâmbito da Rainha – The Queen’s Gambit – 2020 – EUA 10- Valeria: 1ª temporada 11- The Deuce – 1ª Temporada
VIII. REVISÕES (aqui a classificação tem mais a ver com o novo impacto causado do que propriamente uma listagem dos melhores)
1- As Horas – The Hours – 2002 – EUA/RUN – Stephen Daldry 2- As Estátuas também morrem – Les statues meurent aussi – 1953 – FRA – Ghislain Cloquet, Chris Marker, Alain Resnais 3- Ernesto – 1979 – ITA – Salvatore Samperi 4- O Criado – The Servant – 1963 – EUA – Joseph Losey 5- Fireworks – 1947 – EUA – Kenneth Anger 6- Você não está Sozinho {You Are Not Alone} Du er ikke alene – 1978 – DIN – Ernst Johansen, Lasse Nielsen 7- Apocalypse Now – 1979 – EUA – Francis Ford Coppola 8- Onda Nova – 1984 – BRA – Zé Antônio Garcia, Ícaro Martins 9- Not Angels But Angels – 1994 – RTC/FRA – Wiktor Grodecki 10- República dos Assassinos – 1979 – BRA – Miguel Faria Jr. 11- O Beijo da Mulher Aranha – Kiss of the Spider Woman – 1985 – BRA/EUA – Hector Babenco 12- António Um Dois Três – 2017 – BRA/POR – Leonardo Mouramateus 13- A Lira do Delírio – 1978 – BRA – Walter Lima Jr 14- Blow Up My Town – Saute ma ville – 1968 – BEL – Chantal Akerman 15- A Princesa e o Plebeu – Roman Holiday – 1953 – EUA – William Wyler 16- Tempestade de Ritmo – Stormy Weather – 1943 – EUA – Andrew L. Stone 17- The Attendant – 1993 – RUN – Isaac Julien 18- Guerra e Humanidade: Não há Amor Maior {The Human Condition I: No Greater Love} Ningen no jôken – 1959 – JAP – Masaki Kobayashi
IX. ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (única em 2020)
Minha Mãe é uma Peça 3: O Filme {My Mom is a Character 3} 2019 – BRA – Susana Garcia
X. MEU FILME RS Se eu não vou divulgar ele, quem vai né?curta feito em abril para um edital de quarentena